Câncer de ovário: Oxford pretende desenvolver 1ª vacina para prevenir a doença
Novo estudo busca treinar o sistema imunológico para combater a doença em estágios iniciais, com testes previstos para mulheres com mutações genéticas de alto risco
Por Plox
04/10/2024 15h05 - Atualizado há 3 meses
Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, estão trabalhando no desenvolvimento da primeira vacina direcionada ao câncer de ovário. Anunciado nesta sexta-feira (4), o financiamento de 600 mil libras (cerca de 4,3 milhões de reais) será fornecido pelo Cancer Research UK ao longo dos próximos três anos. Essa pesquisa oferece esperança para a prevenção de um dos cânceres ginecológicos mais agressivos, o segundo mais comum, ficando atrás apenas do câncer de colo do útero, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Como a vacina OvarianVax irá funcionar
Nomeada de OvarianVax, a vacina em desenvolvimento tem como objetivo ensinar o sistema imunológico a reconhecer e combater as proteínas encontradas na superfície das células cancerígenas do ovário, especialmente nos estágios iniciais da doença. A primeira fase do estudo será conduzida em laboratório, utilizando amostras de pacientes com câncer de ovário. Os pesquisadores planejam identificar as proteínas mais fortemente reconhecidas pelo sistema imune e "treinar" o corpo para atacar esses antígenos tumorais.
Se essa fase inicial for bem-sucedida, o próximo passo será iniciar testes clínicos em mulheres portadoras das mutações BRCA 1 e BRCA 2, que estão em risco elevado para o desenvolvimento da doença, além de outras mulheres sem a doença para avaliar o potencial preventivo da vacina.
Os desafios do diagnóstico precoce
Um dos grandes desafios do câncer de ovário é o diagnóstico tardio. O professor Ahmed Ahmed, líder do estudo, ressaltou a necessidade de novas abordagens para a prevenção, uma vez que muitos casos só são detectados quando a doença já está em estágio avançado. Segundo ele, "precisamos de melhores estratégias para prevenir o câncer de ovário", destacando que mulheres com mutações BRCA1/2 têm opções limitadas, como cirurgias preventivas, que, embora eficazes, eliminam a chance de terem filhos.
As mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2 aumentam significativamente o risco de desenvolver câncer de ovário. Mulheres com mutação no BRCA 1 têm até 65% mais chances de desenvolver a doença, enquanto aquelas com mutação no BRCA 2 possuem um risco de até 35% maior, quando comparadas às mulheres sem essas alterações genéticas.
Sintomas e sinais de alerta
Embora muitos casos de câncer de ovário possam não apresentar sintomas nas fases iniciais, é crucial que as mulheres estejam atentas a mudanças no corpo. Sintomas como perda de peso inexplicada, alterações persistentes na pele, caroços em áreas como seios e pescoço, além de tosse prolongada e alterações em pintas, podem ser indícios de cânceres, incluindo o de ovário.
Impacto das pesquisas anteriores no desenvolvimento da vacina
Estudos anteriores conduzidos pelo professor Ahmed já haviam mostrado que o sistema imunológico de pacientes com câncer de ovário é capaz de "lembrar" do tumor. Essa descoberta foi fundamental para o desenho da OvarianVax, que se baseia na capacidade do corpo de reconhecer e reagir aos primeiros sinais do câncer. Ahmed reconhece o desafio de "ensinar" o sistema imune a identificar o câncer, mas está otimista com o avanço das tecnologias atuais que podem auxiliar nessa tarefa: “Agora temos ferramentas altamente sofisticadas que nos dão insights reais sobre como o sistema imunológico reconhece o câncer de ovário”, afirmou o pesquisador.