Desigualdade no acesso à educação mantém analfabetismo indígena elevado

Taxa entre indígenas é mais que o dobro da população geral

Por Plox

04/10/2024 12h46 - Atualizado há 14 dias

A taxa de alfabetização de pessoas indígenas no Brasil cresceu entre 2010 e 2022, mas continua bem abaixo dos índices da população geral, conforme apontam os dados do Censo 2022 do IBGE divulgados nesta sexta-feira (4). A taxa de alfabetização indica o percentual de pessoas com 15 anos ou mais que conseguem ler e escrever pelo menos um bilhete simples em seu idioma. Aqueles que não possuem essas capacidades compõem a taxa de analfabetismo.

Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

Os dados revelam que a taxa de alfabetização na população geral subiu de 90,38% para 93% entre 2010 e 2022. No caso da população indígena, houve um aumento de 76,6% para 84,95% nesse mesmo período, evidenciando um progresso de oito pontos percentuais para os indígenas, enquanto na população geral o crescimento foi de menos de três pontos.

Apesar desse avanço maior entre os indígenas, a diferença inicial entre os dois grupos ainda é significativa. A taxa de analfabetismo entre os indígenas foi de 15,05% em 2022, mais que o dobro da taxa de 7% da população total do país. Essa discrepância reflete a desigualdade histórica no acesso a direitos básicos pelos povos indígenas, segundo a pesquisadora Marta Antunes, responsável pelo projeto técnico de povos e comunidades tradicionais do IBGE.

Em áreas indígenas, a situação é ainda mais crítica. A taxa de analfabetismo nessas terras foi de 20,8% em 2022, apesar de ter havido uma redução de 11,5 pontos percentuais em comparação com o índice de 32,3% registrado em 2010.

Para obter esses resultados, o IBGE entrevistou 1.694.836 indígenas em 4.833 municípios onde essa população é presente. Em 2.081 municípios (52,91%), houve melhorias nas taxas de alfabetização indígena, mas em 999 cidades (21,15%), o índice de alfabetizados ficou mais de 10 pontos percentuais abaixo do índice da população geral.

O levantamento do Censo considerou como indígenas aqueles que se autodeclararam como tal ou que se identificaram dessa forma em uma segunda pergunta, caso residissem em terras indígenas e não se declarassem indígenas inicialmente. Esses dados recentes focam na população indígena total, combinando aspectos de cor, raça e pertencimento, sendo complementares a divulgações anteriores do Censo que abordaram questões de saneamento e condições de domicílio.

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