Com a proximidade do mês de novembro, aumenta a expectativa sobre o tema da redação do Enem. Ano após ano, a dúvida movimenta buscas na internet, conversas entre professores e discussões em grupos de estudantes, em busca de pistas sobre o possível assunto da avaliação.
Análise dos temas cobrados desde 2009
Em vez de tentar prever o futuro, esta análise examina o padrão adotado no Exame Nacional do Ensino Médio desde 2009, quando o modelo atual foi implementado, e identifica assuntos menos abordados nos últimos anos.
Confira a relação dos temas propostos nas edições anteriores:
- 2009 — O indivíduo frente à ética nacional
- 2010 — O trabalho na construção da dignidade humana
- 2011 — Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado
- 2012 — Movimento imigratório para o Brasil no século 21
- 2013 — Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
- 2014 — Publicidade infantil em questão no Brasil
- 2015 — A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
- 2016 — Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil (1ª aplicação)
- 2017 — Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil
- 2018 — Manipulação do comportamento do usuário: o controle de dados na internet
- 2019 — Democratização do acesso ao cinema no Brasil
- 2020 — O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira
- 2021 — Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil
- 2022 — Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil
- 2023 — Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil
- 2024 — Desafios para a valorização da herança africana no Brasil
Cidadania e direitos humanos em foco
Ao analisar a lista, nota-se que temas como cidadania e direitos humanos dominam as propostas de redação ao longo dos anos. Questões relacionadas a inclusão, diversidade e justiça social são recorrentes, como destaca Thiago Braga, gestor de Linguagens do Colégio e Curso pH:
O Inep quer avaliar se o estudante consegue identificar grupos vulnerabilizados, compreender as causas históricas e sociais das desigualdades e, principalmente, propor soluções viáveis que respeitem os direitos fundamentais. Thiago Braga, Colégio e Curso pH
Segundo especialistas, há uma busca constante por temas que envolvam problemas sociais, ligados à cidadania e à participação na sociedade.
Temas amplamente debatidos em contexto social, como mulheres, surdos, doenças mentais, registro civil, herança africana e povos tradicionais, evidenciam essa tendência na proposta do exame.
Evitação de polêmicas e busca do consenso
Outro padrão é a ausência de temas considerados explicitamente polêmicos, como aborto, redução da maioridade penal e legalização da maconha. O exame costuma evitar questões que possam dividir a sociedade em linhas partidárias ou morais irreconciliáveis. De acordo com Braga, o foco é trabalhar com consensos constitucionais: direitos humanos, igualdade, dignidade e respeito à diversidade.
Temas ausentes nas últimas edições
Ainda que não haja garantia de que temas pouco abordados voltarão a ser cobrados, manter um repertório amplo e argumentos bem fundamentados é fundamental.
Entre os assuntos que não aparecem há algum tempo no exame, o meio ambiente é apontado como o principal. Professores enxergam nele uma possibilidade crescente, especialmente com o Brasil sediando eventos globais de sustentabilidade, como a COP30. Marina Rocha, professora de redação, destaca:
Um campo que certamente pode ser mais abordado é o do meio ambiente, ainda mais neste ano, quando o Brasil sediará um evento tão importante quanto a COP30. Marina Rocha, Colégio e Curso AZ
Sérgio Paganim, do Curso Anglo, também menciona a ausência desse conteúdo, cuja última aparição ocorreu em 2008, ainda no formato antigo. Segundo ele, discussões sobre a Amazônia e mudanças climáticas podem novamente relacionar o meio ambiente à cidadania.
Além do meio ambiente, tecnologia e mercado de trabalho aparecem como apostas entre os especialistas.
Tecnologia e mercado de trabalho no radar
Desde 2018, com a redação sobre manipulação de dados, temas relacionados à tecnologia não voltaram a ser propostos no Enem. Os docentes lembram que há muitos tópicos ainda inexplorados, como inteligência artificial, proteção de dados, desinformação e impactos das redes sociais.
No tocante ao mercado de trabalho, embora a prova de 2023 tenha abordado a invisibilidade do cuidado feminino, questões sobre novas dinâmicas trabalhistas não são tematizadas desde 2010. Segundo especialistas, debates sobre modelos de trabalho, aposentadoria, "geração Nem-Nem" e uberização podem ganhar espaço futuramente.
Calendário e estrutura do Enem 2025
O Enem 2025 será aplicado em duas datas:
- 9 de novembro: Provas de Linguagens (incluindo língua portuguesa, inglês ou espanhol), Ciências Humanas e Redação.
- 16 de novembro: Provas de Matemática e Ciências da Natureza.
Os horários seguem o padrão dos anos anteriores, segundo o horário de Brasília:
- Abertura dos portões: 12h
- Fechamento dos portões: 13h
- Início das provas: 13h30
- Término no 1º dia: 19h
- Término no 2º dia: 18h30
Informações relatadas pelo portal G1.