Maceió enfrenta ameaça de colapso de mina, mas risco é agora 'localizado'

Ministério relata estabilização em Mutange; Igreja Batista do Pinheiro, símbolo local, interditada por segurança

Por Plox

04/12/2023 07h53 - Atualizado há 11 meses

O Ministério de Minas e Energia do Brasil anunciou neste domingo (3/12) que a situação no bairro Mutange, em Maceió, Alagoas, apresenta sinais de estabilização, apesar do risco anterior de colapso de uma mina operada pela petroquímica Braskem. Segundo o relatório, o risco de desmoronamento, anteriormente considerado iminente, agora é classificado como "localizado e não generalizado". A capital alagoana havia decretado estado de emergência na semana passada devido a essa ameaça.

Foto: UFAL/Agência Brasil

O relatório do ministério, baseado em dados coletados até sábado, 2 de dezembro, indica uma redução significativa na velocidade de deslocamento do terreno — de 50 centímetros para aproximadamente 15 centímetros por dia. Embora ainda alta, essa diminuição é vista como um indicador positivo. A Defesa Civil segue monitorando a região com sensores, e a Braskem informou que toda a área em risco está agora desocupada.

Paralelamente, a comunidade local enfrenta o impacto emocional do fechamento da Igreja Batista do Pinheiro, um marco histórico e cultural na área. O culto final, realizado na tarde de ontem, foi um momento de emoção e despedida para muitos ex-moradores. Valcknaer Chagas, um morador que teve de deixar o bairro em 2020, expressou seu pesar: "Nasci e me criei aqui na igreja. Minha vida toda foi aqui, e foram me tirando tudo aos poucos." A esposa de Chagas, Edvânia Minervino, criticou a falta de responsabilização da empresa e das autoridades: "Desde 2018 houve investigações, realocação de moradores, mas estamos chegando a 2024 e o que mais choca é que nenhum representante da empresa foi responsabilizado ou preso. Somente a população e as famílias estão pagando."

A Braskem se comprometeu a monitorar continuamente a situação e manter um diálogo aberto com as autoridades locais. Além disso, a empresa afirmou estar em tratativas desde 2021 para apoiar a realocação da igreja, ressaltando seu compromisso com a segurança da população.

A situação do bairro Mutange e da Igreja Batista do Pinheiro reflete o contraste entre a preservação do patrimônio cultural e as preocupações com a segurança pública. Enquanto a igreja permaneceu como um ponto de resistência cultural, as casas ao redor foram sendo gradualmente abandonadas. A pastora Odja Barros ressaltou o papel da igreja no processo: "Nós não queremos ganho financeiro, não tem valor que nos indenize. O que nós queremos é manter nossa história, nosso patrimônio imaterial". A igreja, tombada como Patrimônio Material e Imaterial de Alagoas desde 2021, tem sido um ponto de encontro e articulação para os moradores ao longo dos anos.

 

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