Alexandre Kalil é denunciado por corrupção passiva pelo Ministério Público

Ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-secretária são acusados de solicitar pesquisa eleitoral em troca de renovação contratual.

Por Plox

04/12/2024 07h56 - Atualizado há cerca de 1 mês

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, e a ex-secretária de Assuntos Institucionais e Comunicação, Adriana Branco Cerqueira, foram denunciados nessa segunda-feira (2) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sob acusação de corrupção passiva. De acordo com a denúncia, ambos teriam solicitado, em 2021, a realização de uma pesquisa eleitoral no valor de R$ 60 mil à agência contratada para serviços de publicidade da prefeitura, cujo contrato totalizava R$ 46 milhões. A execução da pesquisa teria sido condicionada à renovação do contrato com a administração municipal.

O MPMG argumenta que a conduta revela “conivência entre o poder público e interesses pessoais” e pede não apenas a condenação dos acusados, mas também o pagamento de R$ 1,5 milhão como indenização por danos morais coletivos.

(Foto: Divulgação)

Entenda o caso

O contrato da agência de publicidade com a Prefeitura de Belo Horizonte estava previsto para expirar em 2021, mas havia possibilidade de renovação. Segundo a denúncia, Adalclever Lopes, então secretário de governo, teria solicitado ao secretário-adjunto, Alberto Lage, que intermediasse contato com os donos da agência para discutir a realização de uma pesquisa eleitoral. Essa pesquisa visava avaliar as eleições estaduais de 2022, já que Kalil pretendia disputar o cargo de governador e precisaria decidir sobre a renúncia ao mandato de prefeito.

As negociações teriam ocorrido em um almoço em Belo Horizonte, ainda em janeiro de 2021. Inicialmente, os representantes da agência recusaram-se a investir recursos próprios na pesquisa sem garantias de renovação contratual. No entanto, conforme testemunho de Alberto Lage ao MPMG, Adalclever Lopes teria pressionado a empresa, que acabou cedendo e realizando a pesquisa, com a contrapartida da renovação do contrato. O consentimento de Kalil e Adriana Branco para todo o processo foi apontado pela denúncia.

Desdobramentos e resposta dos acusados

Kalil, em nota publicada no início de novembro, afirmou que foi oferecido a ele um acordo de não persecução penal. No entanto, o ex-prefeito declarou que recusou a proposta, alegando inocência: “Se eu aceitar, não serei processado. Mais uma vez, não aceito! Nunca tive medo de processo porque nunca cometi crime algum. Não sou bandido”.

Adriana Branco não foi localizada para comentar, e a assessoria de Kalil não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta edição.

Outras denúncias relacionadas

Em outubro deste ano, outra denúncia contra Kalil abordou o mesmo tema, mas no âmbito cível. Nessa ocasião, o MPMG solicitou a inelegibilidade dos envolvidos, a anulação dos contratos com a agência de publicidade e o ressarcimento de R$ 103,5 milhões, valor referente ao contrato considerado irregular. Com o fim do prazo para possíveis acordos, a denúncia seguiu no âmbito criminal, com novos pedidos de penalidade.

A Prefeitura de Belo Horizonte foi procurada para comentar o caso, mas também não respondeu.

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