MP bloqueia conteúdos de falso médico que promove perigosa "limpeza do fígado"
Anvisa alerta para risco de morte; ação civil exige R$ 500 mil em danos coletivos e responsabilização criminal.
Por Plox
04/12/2024 22h30 - Atualizado há cerca de 1 mês
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) está agindo contra um homem que se apresenta como médico de "Medicina Integrativa" e que promove uma perigosa "limpeza do fígado". A prática, amplamente divulgada em redes sociais, inclui um protocolo que, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), representa sérios riscos à saúde, podendo levar à morte.
O réu, que não possui formação médica nem registro profissional, é acusado de charlatanismo, curandeirismo e exercício ilegal da medicina. O Ministério Público também solicita que ele seja condenado ao pagamento de R$ 500 mil em danos morais coletivos, além do bloqueio de seus bens.
Riscos graves à saúde com "limpeza do fígado"
A suposta "limpeza do fígado" envolve a ingestão de vinagre de maçã, sal amargo, suco de laranja, suco de limão, azeite de oliva puro e água, combinada com jejum e a orientação de "deitar com o fígado para baixo". De acordo com parecer técnico da Anvisa, o procedimento é altamente perigoso, podendo provocar hipoglicemia severa, atrasar tratamentos médicos importantes e até resultar em morte.
O falso médico também comercializa produtos como o "Kit Limpeza Hepática" e suplementos que prometem resultados milagrosos. Os produtos são vendidos para clientes em nove estados brasileiros, incluindo Minas Gerais, e também em Lisboa, Portugal.
Anvisa alerta para publicidade irregular
A Anvisa classificou como irregular a publicidade realizada pelo réu, afirmando que o conteúdo divulgado induz ao erro e pode comprometer tratamentos de doenças graves. O órgão reforçou que tais práticas colocam a saúde pública em risco ao fomentar expectativas irreais e tratamentos sem comprovação científica.
Estratégia de marketing baseada em desinformação
Conforme os promotores Rafael Pureza Nunes da Silva e Reinaldo Pinto Lara, a estratégia do acusado envolve um ciclo de "fake news" para atrair clientes. Ele utiliza depoimentos e números inflados de "sucessos" para legitimar seus tratamentos.
“Por meio da propaganda do título (falso) de médico e de suas especializações no ramo da medicina, angariava clientes (vítimas), inclusive por meio do anúncio da quantidade e de ‘feedback’ de clientes (vítimas) atingidos pelos anúncios e já aderentes ao referido protocolo. Assim, tal estratégia servia de propaganda para novas adesões e reforço positivo dos pseudo-efeitos benéficos obtidos, mecanismo que se retroalimentava”, detalha a denúncia apresentada pelos promotores.
Ação solicita bloqueio de bens e ativos
Além da suspensão de conteúdos nas plataformas digitais e grupos de mensagens, o Ministério Público requer o bloqueio de bens, veículos e imóveis em nome do réu, visando garantir a reparação dos danos causados.