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Caminhoneiros convocam greve em todo o país para esta quinta-feira (4); veja o que se sabe até agora

União Brasileira dos Caminhoneiros ameaça parar nesta quinta (4) com estimativa inicial de 20% de adesão entre 1,2 milhão de autônomos; outras entidades reprovam movimento e apontam risco de exploração política em pedidos de anistia

04/12/2025 às 08:49 por Redação Plox

Caminhoneiros vivem um clima de divisão diante da ameaça de greve geral prevista para esta quinta-feira (4). A mobilização, articulada pela União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), não conta com o apoio das principais entidades que representam transportadores autônomos, que temem que a paralisação seja usada com finalidade política.

A UBC afirma esperar adesão inicial de cerca de 20% da categoria, que reúne aproximadamente 1,2 milhão de caminhoneiros autônomos no país. Segundo o representante da entidade, Francisco Burgardt, o Chicão caminhoneiro, todo o movimento foi estruturado com embasamento legal. A petição comunicando a greve foi protocolada na terça-feira (3) na Presidência da República.

O documento apresentado pela UBC reúne 18 reivindicações dos caminhoneiros autônomos, incluindo a garantia de estabilidade nos contratos da categoria e a revisão do Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas, com ênfase na proteção do trabalho independente

O documento apresentado pela UBC reúne 18 reivindicações dos caminhoneiros autônomos, incluindo a garantia de estabilidade nos contratos da categoria e a revisão do Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas, com ênfase na proteção do trabalho independente

Foto: Valter/Campanato


Reivindicações apresentadas pela UBC

O documento protocolado pela UBC lista 18 demandas dos caminhoneiros autônomos. Entre os principais pontos estão a estabilidade contratual para a categoria e a reestruturação do Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas, com foco na proteção do trabalho independente.

Os transportadores pedem ainda a atualização do piso mínimo do frete, com ênfase em veículos de nove eixos, além do congelamento de dívidas por 12 meses e a criação de aposentadoria especial após 25 anos de atividade. Também estão na pauta a isenção de pesagem entre eixos, a abertura de linha de crédito de até R$ 200 mil e a destinação de 30% das cargas de estatais para caminhoneiros autônomos.

Outro ponto sensível é a regularização administrativa de motoristas autônomos punidos em mobilizações anteriores, com a reversão de sanções aplicadas em protestos passados. A UBC cobrou uma resposta oficial do governo antes do início da paralisação.

Entidades rejeitam greve e veem risco de uso político

A Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) se posicionaram contra qualquer indicativo de greve neste momento. As duas entidades dizem enxergar risco de instrumentalização política, especialmente em torno da pauta de anistia a envolvidos em atos antidemocráticos.

O presidente da Abrava, Wallace Landim, o Chorão, declarou que a categoria não deve ser usada como massa de manobra e classificou a proposta de anistia como um tema político, que não deveria ser misturado às reivindicações do setor. A CNTTL também critica a inclusão de pedidos de anistia no documento e, segundo o diretor Carlos Litti, trata-se de um absurdo, ainda que ele reconheça a legitimidade de parte das demandas apresentadas pelos caminhoneiros.

UBC nega vínculo com Bolsonaro e atos de 8 de janeiro

Chicão, representante da UBC, nega qualquer relação entre a paralisação e a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro ou a anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Ele afirma que o pedido de anistia mencionado se limita a punições recebidas por caminhoneiros em greves anteriores, como bloqueio de contas.

Apesar da resistência das principais entidades representativas, lideranças regionais mais radicais podem articular mobilizações isoladas, impulsionadas por preferências políticas individuais. Parte expressiva da categoria já demonstrou apoio a Bolsonaro em outros momentos, e tentativas de convocar movimentos semelhantes foram feitas pela oposição ao longo deste ano, sem êxito até agora.

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