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Natal vira oportunidade para ensinar crianças sobre solidariedade com doação de brinquedos; saiba como

Especialista orienta famílias a envolver crianças de forma positiva e lúdica na doação de brinquedos

04/12/2025 às 10:03 por Redação Plox

À medida que o fim do ano se aproxima, cresce a expectativa das crianças pelos presentes de Natal. Com a atenção voltada para os brinquedos que gostariam de ganhar, esse período também pode ser uma boa oportunidade para, em família, conversar sobre o desapego e a importância de ajudar outras pessoas.


Mais do que liberar espaço para os itens que estão por vir, o Natal é um convite à prática da empatia. Um brinquedo esquecido no fundo do armário pode se transformar no grande presente do Natal de outra criança, que também sonha em receber algo especial.


O processo de desapegar de brinquedos, porém, pode ser desafiador tanto para os pequenos quanto para os pais. O psicólogo infantil Luan Zinly, orienta como tornar esse momento mais leve e positivo dentro de casa.

Quando uma criança doa um brinquedo, ela aprende que o amor também cabe dentro daquilo que a gente deixa ir. Então, ainda vão ficar as coisas boas, só não vai ter mais o físico, mas tudo que o brinquedo fez por aquela criança, por aquela família, ainda vai estar ali

Luan Zinly, psicólogo infantil

Como conduzir o desapego com as crianças

Segundo o psicólogo, o primeiro passo é evitar que a doação seja apresentada como uma perda. A organização dos brinquedos deve ser tratada como uma experiência positiva e compartilhada, em que a criança participa ativamente das decisões.


Doar brinquedos pode favorecer o desenvolvimento da empatia e da autonomia das crianças

Doar brinquedos pode favorecer o desenvolvimento da empatia e da autonomia das crianças

Foto: Reprodução / Agência Brasil.



Uma das orientações é apostar na previsibilidade: avisar com antecedência que chegará o momento de arrumar os brinquedos e separar alguns para doação. Quando sabe o que vai acontecer, a criança tende a oferecer menos resistência.


Outra estratégia é recorrer a histórias, desenhos e recursos lúdicos que abordem a generosidade, ajudando a criança a enxergar o ato de doar como algo feliz e benéfico, e não apenas como “perder” um brinquedo.


O especialista também recomenda garantir a autonomia da criança nesse processo. A escolha do que fica e do que vai deve ser dela, o que reforça o senso de controle sobre seus pertences e diminui o apego excessivo.


Os adultos ainda são orientados a valorizar a experiência solidária, e não uma troca material. Em vez de prometer outro brinquedo em compensação, a sugestão é transformar o momento da doação em um ritual em família, destacando o impacto positivo do gesto.


Para tornar o processo mais fácil, a separação pode começar por brinquedos pouco usados ou com menor valor afetivo. Se o apego for grande, fotografar o brinquedo antes da doação ajuda a preservar a memória daquele objeto e de sua história, que pode ser retomada depois com a criança.


Também é importante explicar com clareza para onde vão as doações e quem deve recebê-las. Saber quem será beneficiado pode se tornar um elemento extra de motivação para a criança.

Presente de Natal, autoestima e pertencimento

O psicólogo ressalta que o Natal é uma época marcada por forte apelo ao consumo, cenário que se reflete diretamente nas crianças. A grande oferta de produtos e campanhas publicitárias cria expectativas que muitas famílias não conseguem atender.


Para crianças em situação de vulnerabilidade, a impossibilidade de receber um presente pode intensificar sentimentos de exclusão. Nesse contexto, campanhas de solidariedade e doação de brinquedos ganham papel fundamental.


De acordo com o especialista, quando uma criança recebe um brinquedo nesse período, há um impacto importante na autoestima: ela se sente incluída e parte da sociedade, reduzindo a sensação de estar à margem em uma data de forte simbolismo.

Brincar como parte do desenvolvimento infantil

Além do efeito emocional imediato, o brinquedo está diretamente ligado ao desenvolvimento da criança. Brincar é um componente essencial do crescimento infantil e contribui para diversas habilidades.


Ao explorar brinquedos, as crianças estimulam a cognição de forma natural, acionando planejamento, memória, resolução de problemas, funções executivas e coordenação motora, entre outros aspectos.


No campo social, o ato de brincar ensina regras, espera pela vez, cooperação, negociação e formas de comunicação que serão usadas ao longo da vida adulta, mas que são aprendidas, sobretudo, na infância.

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