Economia

PIB do Brasil cresce 0,1% no 3º trimestre de 2025 e confirma perda de fôlego da economia

Crescimento ficou abaixo das projeções do mercado, com dissipação do efeito da safra recorde, Selic a 15% restringindo consumo e investimentos e impacto de tarifaço dos EUA, apesar de mercado de trabalho aquecido

04/12/2025 às 10:25 por Redação Plox

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,1% no terceiro trimestre de 2025, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, confirmando a desaceleração da economia. O dado foi divulgado nesta quinta-feira (4/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No segundo trimestre, a expansão havia sido de 0,3%, após alta de 1,5% no primeiro trimestre.

Prédio do Banco Central em Brasília

Prédio do Banco Central em Brasília

Foto: Agência Brasil


A mediana das projeções de analistas do mercado financeiro, coletadas pela agência Bloomberg, apontava para um avanço um pouco maior, de 0,2%. As estimativas variavam de queda de 0,5% a alta de 0,3%, mostrando um cenário de incerteza em relação ao ritmo da atividade.

Após impulso do campo, economia perde fôlego

A economia começou 2025 amparada por uma safra recorde de grãos, que deu impulso relevante ao PIB. Com o tempo, porém, o efeito desse resultado no campo foi se dissipando, enquanto a manutenção dos juros em patamar elevado passou a pesar mais sobre o crescimento.

No terceiro trimestre, a agropecuária registrou variação positiva de 0,4%, e a indústria avançou 0,8%. Já o setor de serviços, o mais importante da economia brasileira, ficou praticamente estável, com alta de 0,1%.

Juros altos limitam consumo e investimentos

A taxa básica de juros, a Selic, permaneceu em 15% ao ano durante o terceiro trimestre. Esse nível elevado tende a encarecer o crédito, dificultando investimentos produtivos e reduzindo o consumo de parte dos bens e serviços.

Ao manter a Selic em dois dígitos, o Banco Central busca conter a atividade econômica para controlar a inflação, em um movimento clássico de política monetária. A lógica é que uma demanda mais fraca ajuda a aliviar a pressão sobre os preços.

Mercado de trabalho segue aquecido

Apesar da perda de ritmo do PIB, o mercado de trabalho continuou apresentando sinais de força. A queda do desemprego e a renda em alta sustentam o consumo das famílias, funcionando como um dos principais contrapesos aos impactos dos juros elevados.

Esse quadro contribui para manter o nível de atividade em patamar mais favorável do que seria esperado somente a partir do comportamento da taxa de juros e do crédito.

Tarifas dos EUA afetam exportações brasileiras

O terceiro trimestre também foi marcado pelo tarifaço dos Estados Unidos sobre exportações brasileiras, implementado pelo presidente Donald Trump. A medida entrou em vigor em agosto, atingindo parte dos embarques para o mercado americano e adicionando um fator de pressão sobre o desempenho externo da economia.

Os Estados Unidos já recuaram em parte dessas sobretaxas, e o governo Lula (PT) tenta avançar em novas iniciativas para aliviar os efeitos das barreiras comerciais.

Projeções indicam desaceleração em 2025 e 2026

As projeções do mercado financeiro apontam para crescimento de 2,16% do PIB em 2025, segundo a mediana das estimativas do boletim Focus, divulgado na segunda-feira (1º) pelo Banco Central. O Ministério da Fazenda trabalha com uma previsão semelhante, de 2,2%, após revisão anunciada em novembro. Ambas indicam ritmo menor que em 2024, quando o PIB cresceu 3,4%.

Para 2026, o Focus projeta expansão de 1,78%. A estimativa da Fazenda é mais otimista, com expectativa de alta de 2,4%.

Política econômica e desafios fiscais no horizonte

Analistas avaliam que o desempenho relativamente favorável do PIB nos últimos anos foi influenciado pela adoção de políticas de estímulo pelo governo Lula, que ajudaram a sustentar a demanda interna.

Por outro lado, setores como o mercado financeiro expressam preocupação com a situação fiscal do país e defendem medidas de ajuste nas contas públicas. Permanecem dúvidas sobre até que ponto o governo estará disposto a reduzir iniciativas de incentivo à economia antes das eleições de 2026, em meio ao desafio de conciliar crescimento, controle da inflação e equilíbrio fiscal.

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