Minas Gerais lidera resgate de vítimas de trabalho escravo em 2023,Segundo dados da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais

Estado brasileiro resgata 643 pessoas de condições análogas à escravidão, com foco no setor cafeeiro

Por Plox

05/01/2024 07h55 - Atualizado há 7 meses

Minas Gerais continua no topo do ranking nacional no resgate de trabalhadores em condições análogas ao trabalho escravo. Segundo dados da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais, divulgados nesta quinta-feira (4), foram salvos 643 indivíduos em 2023, uma redução de 40% em relação a 2022, quando 1.071 pessoas foram resgatadas. Apesar da diminuição, as estatísticas permanecem alarmantes, com a maioria dos casos ocorrendo no sul do estado.

Foto: Divulgação / SRT/MG

A maior incidência de casos foi identificada no setor cafeeiro, seguido pelas culturas de cebola e alho. O ano de 2023 também viu um aumento nas ações de fiscalização, totalizando 157, superando as 123 de 2022. Carlos Calazans, superintendente do trabalho em Minas Gerais, expressou preocupação com os números. "Em Minas Gerais foram quase dois trabalhadores resgatados por dia, e no Brasil são sete por dia. É um dado muito preocupante", declarou.

Calazans destacou que 90% das vítimas são negras e vivem em condições de vulnerabilidade, e muitas vezes são atraídas por falsas promessas, caracterizando também casos de tráfico humano. Ele descreveu condições de trabalho degradantes, incluindo falta de acesso à água potável e alojamento inadequado. "Nós chegamos em uma fazenda, e as pessoas não tinham água para beber, estavam bebendo água em lagoa contaminada. Estavam dormindo no chão", relembrou o superintendente.

O combate a essa prática esbarra na impunidade e no baixo efetivo de auditores fiscais do trabalho. Atualmente, Minas Gerais conta com aproximadamente 200 auditores, um número insuficiente para cobrir todas as áreas necessárias. Calazans criticou a lentidão da Justiça Federal em julgar os casos e sugeriu que a Justiça do Trabalho seria mais apta para lidar com essas questões.

Na luta contra o trabalho escravo, o superintendente enfatiza a importância da colaboração entre diferentes entidades governamentais e da sociedade. Ele também ressaltou a necessidade de conscientização pública e denúncia de situações suspeitas através de canais oficiais, como o Disque 100.

O texto também recorda a Chacina de Unaí, ocorrida em 28 de janeiro de 2004, onde quatro agentes de fiscalização do trabalho foram assassinados em Minas Gerais. Calazans anunciou a realização de um evento em memória das vítimas, visando reforçar o compromisso com o combate ao trabalho escravo, marcado para 28 de janeiro, na sede da superintendência. "Acabar com o trabalho escravo é uma responsabilidade da sociedade", concluiu.

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