Lula diz que Bolsonaro perderá novamente se concorrer com ele em 2026
Presidente ironiza tentativa de mudança na Lei da Ficha Limpa para beneficiar o ex-mandatário
Por Plox
05/02/2025 11h02 - Atualizado há cerca de 2 meses
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro consiga reverter sua inelegibilidade e dispute as eleições de 2026, será derrotado novamente. A declaração ocorreu nesta quarta-feira (5), durante uma entrevista a radialistas, na qual Lula ironizou as movimentações da oposição para flexibilizar a Lei da Ficha Limpa.
Debate sobre a inelegibilidade de Bolsonaro
Bolsonaro foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido a abuso de poder político nas eleições de 2022. No entanto, aliados do ex-presidente articulam mudanças na legislação eleitoral para reduzir o tempo de inelegibilidade e permitir sua candidatura nas próximas eleições.
Lula criticou a tentativa de modificar as regras em benefício de Bolsonaro e mencionou ainda o Projeto de Lei (PL) da Anistia, que busca perdoar investigados por atos relacionados ao governo anterior. “Querem anistia antes de terminar o processo”, afirmou o presidente. Ele ainda questionou a iniciativa: "Quando as pessoas nem foram condenadas e estão pedindo anistia, é porque elas mesmas se consideram culpadas. Se a Justiça entender que ele pode concorrer, ele pode concorrer. E se for comigo, vai perder outra vez. Não há possibilidade de a mentira ganhar uma eleição neste país", disse Lula.
O presidente também relembrou os eventos que levaram à inelegibilidade de Bolsonaro e reforçou sua posição contrária a qualquer tentativa de absolvição. “Quem tentou dar um golpe, quem articulou inclusive a morte do presidente e do vice-presidente, do presidente do Tribunal Eleitoral, não merece absolvição. Eu digo todo dia: por menos do que eles fizeram, muita gente no Partido Comunista foi morta, muita gente foi presa”, afirmou.
Mudança na Lei da Ficha Limpa

A proposta para flexibilizar a Lei da Ficha Limpa foi apresentada pelo deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) e sugere reduzir de oito para dois anos o período de inelegibilidade quando há condenação. Além disso, prevê que a contagem desse período se inicie a partir da eleição em que ocorreu a infração.
O projeto está em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e está sob relatoria do deputado Filipe Barros (PL-PR). A escolha do relator foi definida estrategicamente em dezembro, antes do recesso parlamentar, quando a deputada Caroline de Toni (PL-SC), aliada de Bolsonaro, ainda presidia a comissão.
A tramitação da proposta faz parte de uma estratégia discutida previamente com Bolsonaro antes da eleição do novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).