Vereador invade UBS em Minas e paciente morre após tumulto na sala de emergência
Wladimir Canuto alegou fiscalizar atendimento, mas ação foi classificada como "vil e ardilosa" pela prefeitura
Por Plox
05/02/2025 23h08 - Atualizado há 5 meses
Uma invasão à sala vermelha de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) em Felício dos Santos, na Região Central de Minas Gerais, terminou com a morte de um paciente cardíaco em estado grave. O responsável pelo episódio foi o vereador Wladimir Canuto (Avante), que afirmou estar no local para fiscalizar atrasos no atendimento. O caso ocorreu na última segunda-feira (3) e gerou forte repercussão na cidade.

Tumulto na emergência e morte do paciente
No momento da invasão, a vítima estava sendo atendida com um quadro de parada cardiorrespiratória dentro da sala vermelha, espaço destinado a emergências graves. Segundo relatos de profissionais da unidade, o vereador teria causado desestabilização na equipe médica, comprometendo o monitoramento do paciente.
A Prefeitura de Felício dos Santos divulgou nota classificando a atitude de Canuto como "vil e ardilosa", além de considerar a invasão "abrupta e injustificada". O caso resultou em um boletim de ocorrência contra o político.
Justificativa do vereador
Após o ocorrido, Wladimir Canuto gravou um vídeo de 12 minutos nas redes sociais explicando sua versão dos fatos. Ele afirmou que foi à UBS após receber reclamações de pacientes sobre a demora no atendimento.
"Cheguei por volta de 16h30 e encontrei várias pessoas esperando desde as 14h. Entre elas, uma senhora chorando de dor na coluna e uma jovem especial em situação delicada", declarou.
Segundo Canuto, ele inicialmente questionou a recepcionista sobre a demora e foi informado de que os dois médicos da unidade estavam atendendo emergências. O vereador, então, entrou no setor interno da UBS alegando que tinha o direito de fiscalizar os serviços públicos.
Conflito com equipe médica
Ao entrar no local, Canuto flagrou um médico sentado mexendo no celular e o acusou de estar no WhatsApp. No entanto, segundo o boletim de ocorrência, o profissional informou que estava usando o sistema PEC (Prontuário Eletrônico do Cidadão) para fazer prescrições médicas.
Em seguida, o vereador seguiu até a sala vermelha, onde abriu a porta em meio ao atendimento crítico do paciente. “Eu simplesmente abri a porta, não entrei. Perguntei se tinha médico lá dentro, e a médica respondeu que sim. Então, fechei a porta e saí”, afirmou.
Funcionários da UBS contestam essa versão e relataram que Canuto bateu na mão de uma profissional que tentava impedir a invasão. Além disso, médicos afirmaram que o vereador agiu com arrogância e desleixo em relação ao estado do paciente, o que comprometeu a assistência.
O homem atendido na sala vermelha morreu às 17h50, conforme consta na certidão de óbito.
Repercussão e posicionamento de Canuto
Após a morte do paciente, os profissionais da UBS tentaram chamar Wladimir Canuto para uma conversa a fim de esclarecer os procedimentos adotados e justificar a demora nos atendimentos. No entanto, o vereador deixou o local antes disso. A Polícia Militar realizou buscas por ele, mas não conseguiu localizá-lo.
Em entrevista à Itatiaia, Canuto se defendeu das acusações e disse ser alvo de perseguição política. “Sou o único vereador de oposição na cidade. São oito vereadores e o prefeito contra mim”, alegou.