Minas registra alta de 25% na produção de ovos caipiras em 2024
Avanço é impulsionado pela busca por bem-estar animal e preferência dos pequenos produtores pela criação de galinhas soltas
Por Plox
05/05/2025 09h23 - Atualizado há 17 dias
A produção de ovos caipiras em Minas Gerais teve um salto expressivo em 2024, com crescimento superior a 25% em relação ao ano anterior. De acordo com estimativas da Emater-MG, a quantidade passou de 17,5 milhões de dúzias em 2023 para cerca de 22,1 milhões no último ano.

Esse aumento reflete a mudança de comportamento tanto dos consumidores, preocupados com o bem-estar animal, quanto dos produtores, especialmente os de menor porte, que optam por um modelo mais natural de criação.
Na criação caipira, as galinhas não são confinadas em gaiolas, como ocorre na produção industrial. Em vez disso, elas têm acesso a áreas abertas, chamadas piquetes, onde podem ciscar livremente e se alimentar de insetos, gramas, sementes, além da ração tradicional. Segundo a engenheira agrônoma Márcia Portugal, coordenadora técnica da Emater, essa liberdade proporciona uma alimentação mais variada e uma qualidade superior nos ovos.
Selma Máxima Amaral é um exemplo do sucesso desse modelo. Apaixonada pela criação de galinhas, ela iniciou sua produção em 2022 com mil aves e, hoje, conta com cerca de 7 mil. Sua granja, localizada em Bocaiúva, alcança uma produção diária de até 6,5 mil ovos, que são distribuídos para supermercados e comerciantes em cidades como Montes Claros, Januária, Curvelo e até mesmo Belo Horizonte. Ela conta que as aves são soltas todos os dias às 7h e permanecem no pasto até o final da tarde. $&&$\"Isso dá um percentual de produção bom e aumenta a qualidade do produto\"$, destaca.
O potencial do mercado também atraiu o casal Iara Britto e seu esposo, que retornaram da Europa após quase duas décadas vivendo entre Portugal, França, Bélgica e Suíça. Em Engenheiro Dolabela, distrito de Bocaiúva, eles iniciaram a criação com 700 galinhas. Desde março, quando as aves começaram a botar, produzem cerca de 500 ovos por dia. A rotina virou conteúdo no YouTube, no canal \"O Rei do Ovo\".
Para Márcia Portugal, o modelo caipira é cada vez mais atrativo para os pequenos agricultores familiares. $&&$\"É uma criação rentável, com menos exigência tecnológica e menos burocracia do que a industrial\"$, afirma. Ela explica que, embora as galinhas criadas no fundo do quintal possam parecer práticas, essa informalidade pode trazer riscos sanitários e menor produtividade.
Pensando na qualidade e segurança do produto, os próprios produtores solicitaram ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) a criação de um selo de certificação, que garante a rastreabilidade do ovo caipira. Com ele, o consumidor tem acesso à origem do alimento, e os produtores passam a receber orientações sobre o ambiente de criação, alimentação e manejo das aves.
“O selo permite agregar valor ao produto e abrir portas para novos mercados”, explica Márcia. Ela ressalta que a certificação também traz segurança alimentar, uma vez que ovos mal manejados podem transmitir doenças.
A Emater-MG alerta que, apesar dos números expressivos, a produção real pode ser ainda maior. Muitos criadores operam de forma doméstica e fora do alcance das estatísticas oficiais, o que pode comprometer o desempenho e a legalização do produto no mercado.