Mineiros reduzem consumo de arroz e feijão e recorrem mais aos ultraprocessados
Dados do IBGE revelam queda na compra de alimentos tradicionais e aumento de industrializados em Minas; nutricionista alerta para riscos
Por Plox
05/05/2025 09h53 - Atualizado há 14 dias
A tradicional combinação brasileira de arroz com feijão tem perdido espaço na mesa dos mineiros. Entre os anos de 2008 e 2018, a quantidade adquirida por domicílio desses alimentos caiu significativamente em Minas Gerais, passando de 47,01 kg por pessoa por ano para 30,76 kg, uma redução de 35,2%.

Enquanto isso, o consumo de alimentos ultraprocessados como pizzas congeladas, sorvetes, biscoitos recheados e macarrão instantâneo aumentou no mesmo período, passando de 3,38 kg por pessoa para 4,39 kg – um salto de 14,7%. As informações são da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), conduzida pelo IBGE.
Segundo Thaís Caldeira, doutora e pesquisadora do departamento de nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), essa mudança alimentar é preocupante.
“Já temos diversos estudos que relacionam o consumo de ultraprocessados com obesidade e aumento do risco para diversas doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, alguns tipos de câncer e até depressão”, explica a especialista.
Ela aponta que fatores como a falta de tempo para cozinhar, o apelo emocional das propagandas e o aumento no preço de frutas e verduras acabam influenciando a preferência pelos industrializados. A praticidade desses alimentos e sua fácil disponibilidade fazem com que sejam a escolha mais comum para quem tem uma rotina atribulada.
Mesmo reconhecendo que é difícil eliminar totalmente os ultraprocessados da alimentação, Thaís Caldeira alerta que não existe uma quantidade segura para o consumo dessas comidas. A orientação, segundo ela, é que se tornem exceções e que o consumo seja reduzido o máximo possível. Cada pessoa deve repensar sua relação com esses produtos e buscar substituições gradativas por alimentos in natura ou minimamente processados.
Apesar da mudança, o levantamento mostra que a base da alimentação dos mineiros ainda é composta majoritariamente por produtos naturais. Em 2018, laticínios (16,3%), cereais e leguminosas (11,6%), frutas (10,7%) e hortaliças (10,3%) lideravam as aquisições nos lares mineiros.
Para a especialista da UFMG, o ideal é fortalecer o consumo do arroz com feijão, já que essa dupla fornece fibras, proteínas e aminoácidos essenciais. Além disso, ela ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, distúrbios intestinais e diabetes.
Para quem deseja melhorar a alimentação, algumas dicas são importantes: reservar um tempo da semana para preparar refeições, limitar o consumo de industrializados a ocasiões específicas como os fins de semana, evitar comprá-los com frequência e buscar promoções de frutas e legumes da estação para economizar. A alimentação saudável começa pelas escolhas no momento da compra e pela organização da rotina.
“Cada pessoa tem um tipo de relação com os ultraprocessados, então não dá para passar a mesma orientação para todas. O ideal é repensar aos poucos como substituí-los no dia a dia”, conclui a nutricionista.