Banco Central rastreia Pix de apoiadores enviados a Zambelli

Deputada é alvo de nova investigação no STF e teve prisão preventiva decretada após deixar o país

Por Plox

05/06/2025 13h35 - Atualizado há 15 dias

O Banco Central deu início a uma apuração sobre as transferências via Pix feitas em benefício da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que deixou o Brasil após ser condenada a 10 anos de prisão por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).


Imagem Foto: Agência Brasil


Atendendo a uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a instituição financeira irá identificar os valores e os remetentes dos repasses. Moraes também determinou a abertura de um inquérito para investigar a parlamentar por possíveis crimes de coação e tentativa de obstrução de uma investigação sobre organização criminosa.


Zambelli confirmou sua saída do país na terça-feira (3), alegando inicialmente que estaria na Europa. Depois, disse à CNN Brasil estar na Flórida, nos Estados Unidos, onde afirmou que pedirá asilo político. Seu marido, no entanto, havia informado à emissora que ambos estavam nos EUA. Antes disso, Zambelli mencionou intenção de se estabelecer na Itália, país do qual também possui cidadania, para evitar eventual extradição.



O ministro Moraes afirmou que a deputada adota estratégias semelhantes às do também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se mudou para os EUA em março e tem feito campanhas internacionais contra ministros do STF. Segundo Moraes, Zambelli expressou publicamente o desejo de seguir a mesma linha de ação.


Zambelli arrecadou pelo menos R$ 285 mil através de uma “vaquinha” virtual lançada no dia 19 de maio. O objetivo declarado era o pagamento de multas impostas pelo STF, incluindo uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos. Inicialmente, a deputada divulgou um extrato bancário com saldo de R$ 166 mil e afirmou estar com R$ 14 mil negativos antes das doações.



Mesmo fora do país, ela continua solicitando contribuições via Pix em suas redes sociais. Em uma live no YouTube, Zambelli anunciou que sua mãe, Rita Zambelli, assumiria a titularidade dos perfis, destacando que Rita será sua “pré-candidata a deputada federal” em 2026.
\"Tomei a decisão de transferir oficialmente a titularidade das minhas redes sociais, como herança, para minha mãe, Rita Zambelli\"

, declarou.

Apesar das acusações e da condenação, Zambelli não teve o passaporte confiscado nem houve restrição para sua saída do Brasil. Isso lhe permitiu deixar o país legalmente no último final de semana. A perda de mandato, embora determinada pelo STF, ainda depende de deliberação da Câmara dos Deputados, conforme estipulado pela Constituição.



Enquanto isso, o Supremo já declarou a inelegibilidade da parlamentar por oito anos. Ela também poderá apresentar recursos, como embargos de declaração, que não anulam a sentença, mas podem adiar o encerramento definitivo do processo. No entanto, pela jurisprudência do STF, penas em regime fechado acima de 120 dias permitem ao próprio tribunal ordenar a prisão, cabendo à Câmara apenas formalizar a perda do mandato.


O hacker Walter Delgatti Neto também foi condenado no mesmo processo a 8 anos e 3 meses de prisão. Ele confessou ter sido contratado por Zambelli para inserir documentos falsos no sistema do CNJ, incluindo um mandado de prisão com a assinatura falsificada de Moraes. A deputada confirmou a contratação, mas negou a intenção criminosa.


Na quarta-feira (4), o ministro Moraes determinou a prisão preventiva de Zambelli, justificando que a parlamentar buscava escapar das consequências da condenação ao sair do país.
“A ré declarou que pretende insistir nas condutas criminosas para descredibilizar as instituições brasileiras e atacar o estado democrático de direito”,

escreveu o ministro.


Além da ordem de prisão, Moraes solicitou à Interpol a inclusão do nome de Zambelli na lista de difusão vermelha e o bloqueio de seus passaportes, incluindo o diplomático. Também foram suspensos os pagamentos de salários e verbas destinados ao gabinete da deputada, bem como as transferências via Pix, além da utilização de seus veículos e canais nas redes sociais.


A parlamentar ainda acumula outras condenações por divulgar informações falsas contra adversários políticos e o sistema eleitoral. Entre elas estão multas por desinformação relacionada às urnas eletrônicas e ataques ao ex-presidente Lula. Em janeiro de 2025, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo determinou a cassação de seus direitos políticos por oito anos.


Apesar de tudo, Zambelli alega que conta com apoio dentro da Câmara. Segundo ela, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), autorizou o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a apresentar um pedido de suspensão da ação penal sobre a invasão ao sistema do CNJ.



A decisão final sobre os recursos apresentados pela defesa de Zambelli será analisada na sexta-feira (6), em sessão extraordinária da Primeira Turma do STF, presidida pelo ministro Cristiano Zanin.


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