Moraes ordena corte de salário e bloqueio de passaporte de Carla Zambelli
Após deixar o Brasil, deputada é alvo de decisões do STF que incluem prisão preventiva e inclusão na lista da Interpol
Por Plox
05/06/2025 08h43 - Atualizado há 9 dias
Após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) deixou o país e se tornou alvo de uma série de medidas judiciais. Na noite de quarta-feira (5), o ministro Alexandre de Moraes notificou a Câmara dos Deputados para que o pagamento do salário da parlamentar fosse suspenso, em cumprimento à decisão de prisão preventiva decretada no mesmo dia.

A ordem judicial inclui ainda o bloqueio dos passaportes de Zambelli e a inclusão do nome dela na lista de difusão vermelha da Interpol. Moraes afirmou que a deputada agiu com intenção de “se furtar da aplicação da lei penal”.
Paralelamente, o ministro também determinou a abertura de um novo inquérito para investigar possíveis crimes cometidos por Zambelli, como coação no curso do processo e tentativa de obstrução de investigações ligadas a organização criminosa.
Zambelli, condenada pela Primeira Turma do STF por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), também foi sentenciada à perda do mandato e ao pagamento de indenização de R$ 2 milhões, junto ao hacker Walter Delgatti Neto. Ele confessou ter inserido documentos falsos no sistema, como um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes com assinatura forjada do próprio ministro.
Antes de sair do país, Zambelli lançou uma campanha de arrecadação em 19 de maio, divulgando extratos bancários e alegando saldo negativo. Em dois dias, anunciou ter arrecadado R$ 285 mil via Pix, alegando que o valor seria usado para pagar multas determinadas pelo STF.
“Conseguimos arrecadar R$ 285 mil nesta campanha tão necessária para o pagamento das multas injustas e completamente desproporcionais, impostas por uma perseguição implacável mas que também não me fará recuar”
, declarou nas redes sociais.
No entanto, no último dia 3 de junho, a deputada revelou em uma live no YouTube que havia deixado o Brasil no fim de semana anterior e se estabelecido na Europa. Embora tenha declarado estar no continente europeu, seu marido relatou à CNN Brasil que ambos estavam nos Estados Unidos. Em seguida, Zambelli informou que pretende viver na Itália, país do qual possui cidadania, o que, segundo ela, impediria uma eventual deportação.
A deputada afirmou:
“Como cidadã italiana, sou intocável na Itália, não há o que ele possa fazer para me extraditar de um país onde eu sou cidadã”
.
Em meio à polêmica, o youtuber brasileiro Geo Pasch identificou a localização onde Zambelli gravou um vídeo antes de ter suas redes bloqueadas. Ainda assim, ela segue ativa pedindo doações via Pix e transferiu oficialmente o controle das redes para sua mãe, Rita Zambelli, a quem chamou de “pré-candidata a deputada federal no próximo ano”.
Mesmo com a sentença já publicada, Zambelli ainda pode recorrer por meio de embargos de declaração, o que não altera a condenação, mas pode adiar o trânsito em julgado. A perda do mandato, embora declarada pela Corte, depende de confirmação pela Câmara dos Deputados, conforme determina a Constituição.
Além do caso da invasão ao sistema do CNJ, Zambelli também responde por perseguir um homem armado nas ruas de São Paulo em 2022, véspera da eleição presidencial. O episódio, amplamente divulgado, mostrou a deputada armada correndo atrás de um homem desarmado, configurando porte ilegal de arma e constrangimento ilegal. Por esse episódio, ela foi condenada em março de 2025 a cinco anos e três meses de prisão.
A repercussão do caso também provocou o afastamento político de aliados, inclusive de Jair Bolsonaro, que atribuiu à deputada a perda de sua chapa nas eleições. Em resposta, Zambelli declarou sentir-se abandonada, apesar de sempre ter estado na linha de frente da defesa do ex-presidente.
Ao longo dos últimos anos, a deputada acumulou uma série de condenações por propagação de fake news contra o TSE, o ex-presidente Lula e adversários políticos. Entre elas, destaca-se a decisão de dezembro de 2024 do TRE-SP que cassou seus direitos políticos por oito anos.
Apesar do cenário judicial adverso, Zambelli se mostra determinada a continuar lutando. Disse que o presidente da Câmara, Hugo Motta, autorizou o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, a pedir a suspensão do processo referente à invasão ao sistema do CNJ.