Conheça o juiz que chegou a morar em escola para não perder aula

Analfabeto, seu pai pediu à prefeitura da cidade da zona rural para instalar uma escola na região, seu desejo era proporcionar aos seus três filhos acesso à educação

Por Plox

05/07/2019 08h55 - Atualizado há mais de 5 anos

O juiz Fábio Francisco Esteves, de 39 anos, é de um gabinete no Tribunal do Júri do Distrito Federal, ele analisa processos criminais que circulam pela capital do país. Em 2007, Fábio assumiu a magistratura e faz questão de lembrar que sua conquista exigiu esforço, dedicação, suor e um pouco de oportunidade.

Fábio traz consigo experiências que viveu quando menino, no interior do Mato Grosso do Sul, onde nasceu. Negro, de origem humilde, ele enfrentou condições adversas para que pudesse estudar.

Analfabeto, seu pai, pediu à prefeitura da cidade da zona rural para instalar uma escola na região, seu desejo era proporcionar aos seus três filhos acesso à educação.

(Foto: Arquivo pessoal)

(Foto: Arquivo pessoal)

Apesar de o pedido ser atendido, a escola construída ficava longe da casa família - 23 quilômetros de distância. Então, aos dez anos, para não perder as aulas, Fábio passou a morar de favor no colégio. Ele conta que era cuidado por duas professoras e dormia na sala de aula.

O juiz seguiu firme nos estudos e se tornou o primeiro da família a acessar o ensino superior, se formando em 2003, na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS).

"A educação significa a constituição da minha vida. Foi mais que uma transformação, foi a possibilidade de uma vida digna. Tudo que sou foi por meio dos estudos."

(Foto: Arquivo pessoal)

(Foto: Arquivo pessoal)

Sonhos
Na mesma época, os outros dois filhos da família terminaram o ensino médio. Entretanto, Fábio lembra da sua certeza de que querer seguir adiante. 

Ele conta que desde criança sonha em ser juiz, e a vontade de seguir a profissão veio de um manual de profissões. "Já entrei [no curso de direito] me preparando para a magistratura. Era o que que queria, não tentei a advocacia", relata.

Segundo ele, seu desejo era fazer a diferença na sociedade. "Escolhi [a carreira] mirando a possibilidade de transformação, não só da minha vida, mas do contexto social. Isso seria mais possível se fosse por essa carreira."

Em 2007 ele assumiu o cargo de juiz substituto no DF. Posteriormente, ele foi promovido para juiz titular da vara criminal do Núcleo Bandeirante –  em que atua até hoje. E, em 2016, foi eleito presidente da Associação dos Magistrados do DF (Amagis).

Sua primeira audiência
Fábio Esteves relembra que, em 5 de fevereiro de 2007, teve sua primeira audiência e recorda ter sido "tensa e intensa". "Percebi que, ali, precisava conduzir um ato judicial e pensei: 'bom, tenho certeza que ainda me falta muita experiência [...] então, que impere a humildade'. Foi aí que as coisas começaram a fluir."

(Foto: Arquivo pessoal)

(Foto: Arquivo pessoal)

Projeto social

Mesmo após ingressar na magistratura, ele manteve seguimento "no que acredita": projetos sociais.

Em Brasília, o magistrado está à frente de uma iniciativa – chamada Educação em Direito – Iniciado em 2010, com a ajuda de uma amiga, o projeto oferece aulas sobre direito do consumidor, direito à saúde, educação e à privacidade, gratuitamente.

Atualizado às 10h15.

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