Presidente dos Correios entrega carta de demissão em meio a crise financeira e pressões políticas

Fabiano Silva deixa o cargo após prejuízo de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre de 2025 e sob pressão de aliados do governo

Por Plox

05/07/2025 09h45 - Atualizado há cerca de 14 horas

Na tarde de sexta-feira, 4 de julho de 2025, Fabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios, entregou sua carta de demissão no Palácio do Planalto. A decisão ocorre em meio a uma série de pressões políticas e uma crise financeira sem precedentes na estatal.


Imagem Foto: Agência Brasil


Silva, que assumiu a presidência em 2023, vinha enfrentando críticas devido aos sucessivos prejuízos da empresa. No primeiro trimestre de 2025, os Correios registraram um déficit de R$ 1,7 bilhão, mais que o dobro do prejuízo do mesmo período do ano anterior. Este resultado negativo marcou o 11º trimestre consecutivo de perdas financeiras sob sua gestão.



Além dos desafios econômicos, Fabiano enfrentava pressões políticas intensas. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, vinham articulando sua saída para colocar um aliado no comando da estatal. O União Brasil, partido que comanda o Ministério das Comunicações, ao qual os Correios são subordinados, demonstrava interesse em assumir a presidência da empresa.



Em sua carta de demissão, Silva alegou motivos de saúde para sua saída, mas fontes próximas afirmam que a pressão política foi determinante para sua decisão. Ele também defendeu as medidas adotadas durante sua gestão, incluindo a expansão de agências em comunidades carentes, especialmente no Rio de Janeiro, onde mais de 50 favelas foram contempladas.



A crise nos Correios se agravou com a implementação da chamada \"taxa das blusinhas\" em 2023, que impôs tarifas sobre produtos importados de varejistas chinesas, afetando significativamente a receita da empresa. Além disso, a proposta de reestruturação da estatal, que inclui o fechamento de agências e a implementação de um Plano de Demissão Voluntária (PDV), enfrenta resistência interna e externa.



A saída de Fabiano Silva abre caminho para que o União Brasil indique um novo presidente para os Correios, consolidando sua influência sobre a estatal. A decisão final sobre a nomeação do substituto caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá se reunir com Silva nos próximos dias para discutir a transição.



A situação dos Correios permanece delicada, com desafios financeiros e políticos que exigirão decisões estratégicas para garantir a sustentabilidade da empresa nos próximos anos.


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