Com Bolsonaro recluso, Michelle assume protagonismo político

Desde a última segunda-feira, 4 de agosto, Jair Bolsonaro encontra-se em prisão domiciliar por decisão do ministro Alexandre de Moraes, com a restrição de visitas limitadas a advogados e pessoas previamente autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal.

Foto: PL

O isolamento do ex-presidente provocou uma reconfiguração imediata nas articulações políticas de seu grupo. Entre integrantes do bolsonarismo e também do Centrão, cresce a percepção de que a ausência forçada de Bolsonaro do cenário público reforça o papel de Michelle Bolsonaro como principal interlocutora e figura estratégica do campo político da direita.

Michelle, que vive com o marido, agora é vista como a responsável por manter os canais de diálogo com aliados, lideranças partidárias e possíveis candidatos, sendo considerada peça essencial na construção do caminho até as eleições de 2026. O cerco jurídico e político a Bolsonaro, que já enfrentava medidas cautelares severas desde duas semanas antes da ordem de prisão, amplia ainda mais a centralidade de Michelle nas movimentações políticas do grupo.

Além de ser uma das poucas pessoas com acesso direto e irrestrito ao ex-presidente, Michelle também é cotada para disputar cargos relevantes em 2026. Entre os nomes avaliados pelo núcleo bolsonarista, ela figura como possível candidata ao Senado e até como alternativa à sucessão presidencial, caso Bolsonaro seja impedido de concorrer.

\"Michelle se torna, naturalmente, o canal direto entre Bolsonaro e a política. Ela está no centro de tudo agora\", confidenciou um interlocutor próximo ao grupo

A incerteza sobre quais critérios o Supremo adotará para liberar visitas ao ex-presidente gera preocupação entre aliados, que temem perder influência no entorno imediato de Bolsonaro. Nesse vácuo, Michelle preenche a lacuna e ganha ainda mais visibilidade como porta-voz informal das decisões políticas do marido.

Com a direita se reorganizando para a próxima disputa presidencial, o protagonismo de Michelle poderá influenciar diretamente na escolha do candidato que terá o aval de Bolsonaro — papel que, até agora, parecia reservado exclusivamente a ele.