Condomínio onde Bolsonaro cumpre prisão domiciliar vive tensão com manifestações
Residentes do Solar de Brasília relatam transtornos e medo de acampamentos após decisão do STF contra o ex-presidente
Por Plox
05/08/2025 09h30 - Atualizado há 1 dia
O clima de apreensão tomou conta dos moradores do condomínio Solar de Brasília, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cumpre prisão domiciliar desde segunda-feira (5), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Logo após a decisão, apoiadores de Bolsonaro começaram a se concentrar na entrada do residencial, localizado em uma área nobre do Jardim Botânico, em Brasília. O barulho causado pelos buzinaços e a movimentação intensa geraram transtornos no trânsito e incômodo entre os moradores, que compartilharam mensagens em um grupo de WhatsApp reclamando da situação.
\"Eu só quero chegar em casa. O trânsito não anda\", desabafou uma das moradoras na noite de segunda. Outra, ainda presa no congestionamento, escreveu: \"Se esse povo vier protestar aqui, é um erro\". Algumas mensagens sugeriam até mesmo transferir o ex-presidente para o presídio da Papuda. Um morador resumiu o ambiente como “buzinaço, polícia, corneta, um inferno”.

Houve também manifestações contrárias a Bolsonaro. Um trompetista foi ao local e tocou a marcha fúnebre diante da entrada do condomínio, provocando os apoiadores do ex-presidente. A Polícia Militar precisou intervir e enviou equipes ao local.
A residência atual de Bolsonaro é alugada e paga pelo PL, partido do qual ele é presidente de honra. A casa fica a cerca de 10 km do Congresso Nacional. Ele e sua família já haviam morado anteriormente em outra casa dentro do mesmo condomínio, mas se mudaram em novembro de 2024 por considerarem o imóvel pequeno e pouco reservado.

O Solar de Brasília é um condomínio de alto padrão com três quadras interligadas e acesso controlado por reconhecimento facial e tags veiculares. As casas estão inseridas em uma região com extensa área de lazer, incluindo campos de futebol, quadras poliesportivas, churrasqueiras e parques infantis. O local também promove eventos comunitários, como festas temáticas e um happy hour semanal com food trucks. A taxa mensal de condomínio é de R$ 976, com desconto de R$ 89 para pagamentos até o dia 5 de cada mês.
A prisão domiciliar de Bolsonaro foi determinada após ele, segundo Moraes, violar a proibição de uso de redes sociais ao participar virtualmente de manifestações contra o STF no último domingo. O ex-presidente discursou por vídeo em ato no Rio de Janeiro, por meio do celular de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e teve sua imagem exibida também em São Paulo pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) também publicou o conteúdo.
Na decisão, Moraes afirmou que Bolsonaro teria produzido de forma consciente material para “coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça”.
Agindo ilicitamente, o réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários
, escreveu o ministro. Ele também destacou que houve uma “atuação coordenada dos filhos de Jair Messias Bolsonaro” para atacar o STF.
Os advogados do ex-presidente, Celso Vilardi, Daniel Tesser e Paulo Cunha Bueno, reagiram à decisão judicial com uma nota oficial, na qual criticam a prisão domiciliar e afirmam que Bolsonaro “não descumpriu qualquer medida”. A defesa alega que todas as determinações foram cumpridas e que a participação do ex-presidente nos atos por vídeo não configura violação das medidas impostas pela Corte. Eles prometem recorrer da decisão.