Lula evita comentar prisão domiciliar de Bolsonaro durante evento do governo
Durante reunião com conselheiros do CDESS, presidente preferiu focar em assuntos do país e não abordou diretamente decisão judicial contra Bolsonaro
Por Plox
05/08/2025 16h04 - Atualizado há 1 dia
Durante a abertura da 5ª reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), realizada nesta terça-feira (5/8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) preferiu evitar declarações sobre a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada na segunda-feira (4/8).

No evento que reuniu empresários, ativistas e representantes da sociedade civil, Lula adotou um tom voltado para o futuro do país e evitou se prolongar sobre a decisão judicial envolvendo seu antecessor. \"Não quero falar do que aconteceu hoje com o outro cidadão brasileiro que tentou dar o golpe. Eu quero falar do nosso país, dar uma chance de falar do Brasil\", afirmou o presidente, ao abrir o encontro que teve também a presença de ministros do governo.
Esta foi a primeira vez que Lula mencionou, ainda que indiretamente, a prisão de Bolsonaro após a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida judicial teve como base o descumprimento de condições impostas anteriormente ao ex-presidente, que havia recebido sanções cautelares em processos que correm no Supremo.
A participação de Bolsonaro, por telefone, em uma manifestação realizada no domingo (3/8) no Rio de Janeiro, foi decisiva para a nova decisão do STF. Mesmo impedido de interagir politicamente por ordens judiciais, ele participou do ato que teve a divulgação reforçada por seus filhos, Carlos e Flávio Bolsonaro, nas redes sociais.
Na decisão, Moraes destacou que a Justiça não deve ser ludibriada por figuras com influência política ou econômica.
“A Justiça não permitirá que um réu faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico. A Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares – pela segunda vez – deve sofrer as consequências”, justificou o magistrado.
No momento em que ocorriam os atos políticos, Bolsonaro encontrava-se em sua residência em Brasília, onde deveria estar cumprindo as medidas restritivas estabelecidas anteriormente. Desde então, aliados políticos se movimentam para tentar visitar o ex-presidente em sua nova condição. Um deputado do PL, inclusive, já entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal solicitando autorização para visita.
Com a repercussão da prisão domiciliar, manifestações de apoio e protesto se espalharam, inclusive na rampa do Congresso Nacional, onde parlamentares chegaram a gritar “Fora, Moraes” em protesto contra a decisão.
Enquanto isso, Lula mantém sua postura de não transformar o caso em centro dos debates políticos. Ao invés disso, tem focado em fortalecer a atuação do CDESS, órgão consultivo criado para auxiliar o governo federal na formulação de políticas públicas sustentáveis e voltadas para o desenvolvimento econômico e social.