STF omite dados de viagens há mais de um ano
Desde abril de 2024, não há atualizações sobre gastos individuais com passagens e diárias de ministros e servidores
Por Plox
05/08/2025 15h53 - Atualizado há 2 dias
Há mais de um ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a divulgação detalhada de informações sobre os gastos com passagens aéreas e diárias de ministros, seguranças e servidores. A última vez que dados sobre diárias nacionais foram publicados foi em maio de 2024. Já os registros de viagens internacionais foram interrompidos no mês anterior, em abril.

Apesar da ausência de transparência nos detalhes, os valores totais dessas despesas ainda podem ser acessados por meio do sistema Siga Brasil, do Senado Federal. Levantamento recente da coluna de Andreza Matais, do site Metrópoles, revela que o STF gastou até 1º de agosto de 2025 cerca de R$ 6,55 milhões com essas rubricas, um aumento de 16,7% em relação ao mesmo período do ano anterior — quando os gastos foram de R$ 5,61 milhões (corrigidos pela inflação).
No entanto, o sistema atual do portal do STF não possibilita o acompanhamento individualizado desses valores. Ou seja, não é possível saber quanto foi desembolsado por cada magistrado ou servidor.
Segundo o diretor-geral do Supremo, Eduardo Toledo, a ausência dessas informações é temporária e decorre de um processo de reformulação do site. Ele explicou, em resposta a um pedido feito por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), que o portal está sendo atualizado para tornar os dados mais acessíveis e transparentes.
“Quanto aos dados referentes ao ano de 2025, informo que o portal está em atualização, visando melhorar a transparência e a acessibilidade, e que os dados serão divulgados em breve”
, declarou.
Essa interrupção, no entanto, aconteceu em um momento delicado. Em junho de 2024, ganhou repercussão uma reportagem que mostrou que um dos seguranças do ministro Dias Toffoli recebeu R$ 39 mil em diárias durante uma viagem a Londres. A ocasião coincidiu com a presença do magistrado na final da Champions League, o que gerou críticas quanto ao uso dos recursos públicos.
Em nota enviada à coluna de Andreza Matais, o Supremo reafirmou a explicação de que os dados foram retirados temporariamente do ar devido à reformulação do site institucional. Porém, a Corte não indicou uma data específica para o retorno da transparência plena dos registros.
“Informamos que o portal está em atualização, visando melhorar a transparência e a acessibilidade. Assim, os dados estão sendo tratados para apresentá-los de forma mais clara e intuitiva”
, completou o STF, reforçando o discurso já utilizado anteriormente.
A falta de informações detalhadas levanta questionamentos sobre o compromisso do Supremo com a transparência dos gastos públicos, especialmente em um período de aumento dessas despesas e de maior vigilância por parte da sociedade civil.