Em Ipatinga, Grito dos Excluídos acontece na ‘defesa da dignidade da pessoa humana’ nesta quinta-feira

Sob o tema "Você tem fome de quê? Você tem sede de quê?", o evento mobiliza diversas paróquias e movimentos sociais para fortalecer as lutas pelos direitos humanos e pela democracia

Por Matheus Valadares

05/09/2023 15h56 - Atualizado há 11 meses

No dia 7 de setembro, é celebrado o feriado nacional da independência em todo território brasileiro, e tradicionalmente, ocorre os famosos desfiles nos municípios. Em paralelo a ele, acontece o Grito dos Excluídos, que provoca a população e o poder público a pensarem políticas públicas para os mais necessitados.

O padre Marco José de Almeida, da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, em, Ipatinga, no Vale do Aço, afirma que o movimento tem o importante papel de fortalecer as lutas sociais dos diversos movimentos, pastorais sociais e sindicatos na defesa da dignidade da pessoa humana, tendo em vista os menos favorecidos”.

Movimento ocorre há 29 anos. Foto: Twitter/Reprodução.

 

No município, o evento será realizado a partir das 8h, no bairro Ferroviários, onde começará com uma caminhada. Neste ano, o tema é: Você tem fome de quê? Você tem sede de quê?

O Grito terá a participação de toda Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano. Ao todo, serão 50 paróquias participantes. Além disso, estarão presentes o Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e segundo o padre Marco José, “pessoas de boa vontade que lutam em vê seus direitos respeitados”. 

O sacerdote espera através do Grito, haja uma ação conjunta que promova unidade e articule as lutas. “ É uma oportunidade de unirmos forças sociais que nos leve a construir um caminho que poderá ser um plebiscito ou outro instrumento de iniciativa popular”, disse.

Conforme o padre, o movimento pode gerar o comprometimento cada vez maior “com o trabalho de base, capaz de garantir mobilizações que promova direitos e assegure a Democracia”.

“O Grito, enquanto construção coletiva, nos ensina que só com a participação popular, de baixo para cima, é que podemos discutir e encontrar as soluções. Nesses 29 anos do Grito temos lutado para que a Vida esteja sempre em primeiro lugar. E  para isso nossa fome e sede de justiça precisam ser saciadas com a fartura e a generosidade que nosso povo tanto nos ensina”, complementou Marco José de Almeida.

Audiência pública

Na última semana, foi realizada uma audiência pública no plenário da Câmara de Ipatinga. O debate foi sugerido pela vereadora Cida Lima (PT). Em sua fala, Cida disse que participa dos preparativos e do Grito há 29 anos, e que o evento é um contraponto ao Dia da Independência, celebrado no país, em 7 de setembro. “Nosso objetivo é levar às praças e ruas nossos gritos sufocados, silenciosos e silenciados dos campos, porões, e periferias, com um objetivo de promover a justiça e a paz”,  disse a vereadora.

Também forma realizadas outras duas audiências no âmbito da Diocese Itabira-Coronel Fabriciano. No dia 29 de agosto no Regional II, em João Monlevade e nessa segunda-feira (4), em Itabira, Regional I.

Nestas Audiências públicas foram manifestados os mais diversos gritos próprios de Cada Região. Dentre eles o da violência contra mulher, descriminalização das juventudes, violência e drogas dos jovens negros e pobres, moradia digna, o respeito à pessoa idosa e garantia de direitos. Conforme o padre Marco José “a questão da mineração que ameaça o planeta e vida humana, a questão da água , municipalização do ensino, o cuidado com a natureza, cuidado com a casa comum, a questão do transporte adequado e digno à população e o povo em situação de rua”, também foram levados em consideração.

O bispo da Diocese, Dom Marco Aurélio Giubioti, esteve presente na audiência de forma online. Ele destacou que “se faz necessário gritar para que ouçamos nossas próprias vozes e, ouvindo, não nos esqueçamos de nossa responsabilidade dentro da própria sociedade, que é excludente, injusta e discriminatória”.

População em situação de rua

O  padre Júlio Lancelotti, que é coordenador da pastoral do povo de rua, também participou da reunião de forma remota. Em sua fala citou o quanto os números se destoam quando o assunto é população de rua. Segundo ele, dados dão conta que no Brasil há 30 mil moradores em situação de rua, “já nos dados da Pastoral são mais de 250 mil, grande parte de jovens que ficaram em situação de rua devido à falta de emprego, o consumo de drogas, as desavenças familiares. É preciso olhar para este problema sério que requer persistência, força e coragem”, disse o sacerdote.

Etelvina Maria Gomes, coordenadora pastoral do povo de rua, afirmou que no município mineiro, os dados oficiais também divergem dos números levantados por quem acompanha esse grupo de pessoas em vulnerabilidade.

“Ipatinga tem cerca de 330 pessoas em situação de rua, mas segundo órgãos municipais oficiais, esse número só é 130 pessoas. Sabemos que o número exato de pessoas é subjugado em qualquer município brasileiro e aqui não é diferente”, disse em seu uso da Tribuna.


 

 

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