Com apoio de Lula e Bolsonaro, Hugo Motta se destaca na disputa pela presidência da Câmara

Deputado paraibano consolida favoritismo após movimentações políticas e alianças estratégicas.

Por Plox

05/09/2024 10h45 - Atualizado há 9 dias

Com o respaldo de lideranças políticas de diferentes espectros, Hugo Motta se torna o principal candidato à sucessão de Arthur Lira na Câmara dos Deputados, em uma disputa que envolve articulações complexas.

Foto: Mário Agra / Câmara dos Deputados
 

Apoio de Lula e Bolsonaro fortalece candidatura de Motta

Hugo Motta, deputado federal pelo Republicanos da Paraíba, consolidou-se como favorito à presidência da Câmara após um movimento decisivo. O presidente nacional do Republicanos e vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira, desistiu de sua candidatura, abrindo caminho para que Motta ganhasse força. Em uma jogada política que deixou claro um racha no Centrão, Pereira declarou que a campanha de Motta conta com o apoio de Lula, o que ampliou suas chances de sucesso.

Com uma base política sólida e trânsito livre entre diferentes alas, Motta conseguiu conquistar o apoio de lideranças do governo de Lula, bem como da oposição ligada a Jair Bolsonaro. Na quarta-feira (4), ele foi recebido em reuniões com ambos os ex-presidentes, demonstrando a capacidade de dialogar com diferentes frentes políticas.

Histórico político e alianças estratégicas

Aos 34 anos, Hugo Motta está em seu quarto mandato como deputado federal. Ele ingressou na política em 2010, aos 21 anos, e desde então, sua carreira parlamentar tem sido marcada por alianças estratégicas. Motta esteve ao lado de Eduardo Cunha (MDB-RJ) no período de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, votando a favor da destituição de Dilma quando ainda era membro do MDB.

Sua atuação em momentos chave, como a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras em 2015, que resultou no pedido de indiciamento de 70 pessoas, consolidou sua imagem dentro do Congresso. Além disso, foi um fiel aliado do governo de Michel Temer, votando a favor de reformas importantes, como a trabalhista e o teto de gastos.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, Motta defendeu pautas como as privatizações da Eletrobras e dos Correios. A proximidade com o bolsonarismo e o apoio às políticas econômicas de Bolsonaro fortaleceram sua base na oposição.

Independência no governo Lula e novas alianças

Com a posse de Lula em 2023, Motta declarou-se independente, mas manteve apoio a pautas importantes do governo, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária. Essa postura de independência, mas com disposição para dialogar e apoiar propostas do Executivo, reforçou seu papel de liderança e ampliou seus horizontes dentro da Câmara.

Sua relação com o governo também se estreitou após a nomeação de Silvio Costa Filho, seu colega de partido, para o Ministério dos Portos e Aeroportos.

Família tradicional na política da Paraíba

Hugo Motta vem de uma família de forte influência política em Patos, na Paraíba. Seu pai, Nabor Wanderley, também do Republicanos, já foi deputado estadual e atualmente é prefeito da cidade, buscando a reeleição. O legado familiar inclui ainda seu avô paterno e sua avó materna, ambos ex-prefeitos de Patos. No entanto, sua avó, Francisca Motta, foi afastada do cargo em 2016 em meio a investigações sobre irregularidades em licitações, o que resultou também no afastamento de sua mãe, Ilana Motta.

Cenário político e concorrência pela presidência da Câmara

A desistência de Marcos Pereira e o apoio a Hugo Motta alteraram significativamente o cenário da disputa pela presidência da Câmara. Arthur Lira, atual presidente, planejava lançar Elmar Nascimento (União Brasil-BA) como seu sucessor. No entanto, com a ascensão de Motta, a disputa ficou mais acirrada, prejudicando as intenções de outros candidatos, como Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

A eleição para a presidência da Câmara ocorrerá em fevereiro de 2025, marcando o início dos trabalhos legislativos. Arthur Lira, por estar em seu segundo mandato consecutivo, não poderá concorrer à reeleição, abrindo espaço para uma disputa intensa que pode redesenhar as alianças políticas na Casa.

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