Cresce o apoio de empresas para compra de Ozempic entre trabalhadores
Subsídios corporativos para o medicamento usado no tratamento de diabetes aumentam, impulsionados também pela popularidade do remédio como emagrecedor.
Por Plox
05/09/2024 08h33 - Atualizado há 4 meses
No primeiro semestre de 2024, a concessão de subsídios por empresas para a compra de Ozempic cresceu significativamente entre os colaboradores, de acordo com pesquisa realizada pela Vidalink, empresa especializada em planos de bem-estar corporativos. O levantamento, que analisou 4.300 funcionários de 250 empresas no Brasil, aponta um aumento de 6,79% no subsídio para a aquisição do medicamento em comparação ao mesmo período de 2023.
Ozempic: do tratamento de diabetes ao emagrecimento
O Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar diabetes tipo 2. No entanto, o remédio ganhou popularidade devido ao seu efeito secundário de redução de peso, tornando-se o queridinho de celebridades como Maiara, da dupla sertaneja Maiara e Maraisa, e da influenciadora Jojo Todynho.
Devido ao alto custo do medicamento, que pode ultrapassar R$ 1.000, o subsídio oferecido por empresas, seja parcial ou integral, contribui diretamente para sua popularização. Luis González, CEO e cofundador da Vidalink, explica que “na prática, o funcionário ganha um subsídio da empresa para comprar medicamentos mais baratos ou até mesmo a custo zero - a extensão do benefício varia de acordo com cada empregador”.
A influência das redes sociais e o impacto no mercado
Além do subsídio das empresas, a influência das redes sociais e o compartilhamento de resultados de emagrecimento alcançados por celebridades também têm impulsionado o uso do Ozempic. “É claro que outro fator que pesa é o compartilhamento de notícias ou postagens em redes sociais de celebridades e influenciadores, que divulgam os resultados alcançados com o Ozempic”, analisa González.
No entanto, o empresário alerta que não é possível afirmar com certeza se todo o aumento nas vendas do medicamento se deve apenas ao desejo de emagrecer, uma vez que o uso do benefício corporativo exige prescrição médica. Porém, ele também reconhece que algumas farmácias podem vender o produto sem exigir a receita, o que representa um risco para a saúde pública.
Riscos associados e a falta de fiscalização
A utilização indevida do Ozempic pode acarretar diversos problemas de saúde. González destaca que o medicamento, quando utilizado sem acompanhamento médico, pode causar reações adversas como tontura, diarreia e hipoglicemia. A falta de fiscalização e a prescrição por profissionais não especializados agravam a situação, tornando difícil distinguir entre efeitos colaterais normais e sinais de complicações mais graves.
“Como saber se é um efeito colateral normal ou se é sinal de algo mais grave? Sem acompanhamento não há como descobrir e as pessoas acabam arriscando a saúde”, alerta o CEO da Vidalink.
Ações educativas e a importância da reeducação alimentar
Para mitigar os riscos associados ao uso do medicamento, González explica que a Vidalink realiza diversas ações educativas junto aos colaboradores das empresas, incluindo palestras, transmissões ao vivo e campanhas de conscientização via e-mail. O objetivo é promover hábitos saudáveis e reforçar que, sem reeducação alimentar e prática regular de atividades físicas, os benefícios do emagrecimento podem ser temporários. “Se não houver reeducação alimentar e exercícios físicos, todo o peso perdido pode voltar. É preciso um movimento contínuo de conscientização”, reforça.
Outros benefícios para aquisição de medicamentos
Além dos subsídios diretos para medicamentos como o Ozempic, algumas empresas oferecem alternativas como o auxílio-farmácia, que garante descontos em produtos de saúde, e o plano de medicamentos, que funciona como um crédito mensal, semelhante ao vale-alimentação. Contudo, é importante destacar que não são todas as empresas que oferecem esses benefícios. Ademais, a legislação brasileira impede que companhias distribuam diretamente medicamentos aos seus colaboradores, devido a questões legais e de segurança.