Depoimento de Carlos Lupi na CPMI do INSS deve intensificar embate entre base e oposição
Ex-ministro da Previdência será ouvido na próxima segunda-feira (8) em meio às investigações sobre fraudes bilionárias em aposentadorias e pensões
Por Plox
05/09/2025 08h05 - Atualizado há 2 dias
A expectativa em torno da CPMI do INSS cresce à medida que se aproxima o depoimento de Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência e presidente do PDT. Ele será ouvido na próxima segunda-feira (8) e sua fala deve ampliar o clima de confronto entre parlamentares da oposição e da base governista.

Lupi deixou o comando do ministério após a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União revelarem um esquema de fraudes nos descontos aplicados a aposentadorias e pensões. Com sua saída, quem assumiu a pasta foi o então secretário-executivo, Wolney Queiroz. O episódio, que resultou em investigações sobre desvios de aproximadamente R$ 6 bilhões, se tornou um dos maiores escândalos recentes envolvendo o INSS.
Antes de comparecer à CPMI, o ex-ministro já havia sido chamado para prestar esclarecimentos em comissões da Câmara e do Senado. Ele, no entanto, não será a única autoridade a falar diante do colegiado: os parlamentares também convocaram ministros que passaram pelos governos Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro, além de ex-presidentes do INSS.
A comissão ainda marcou para o dia 15 de setembro o depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como \"Careca do INSS\", apontado pela PF como principal articulador das fraudes. Três dias depois, será a vez do empresário Maurício Camisotti, suspeito de atuar na lavagem dos valores desviados. Ambos já tiveram a prisão preventiva solicitada, junto com outros 19 investigados, entre eles Alessandro Stefanutto, ex-presidente do instituto. O pedido foi encaminhado ao ministro André Mendonça, relator do caso no Supremo Tribunal Federal.
Além disso, os membros da CPMI aprovaram requerimentos para obter informações do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), investigado por suposto envolvimento no esquema. O vice-presidente da entidade, José Ferreira da Silva, o Frei Chico, é irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que aumenta a sensibilidade política do caso.
A instalação da CPMI, ocorrida em agosto, já havia causado surpresa. Isso porque, contrariando a indicação inicial de Davi Alcolumbre e Hugo Motta, a oposição conseguiu maioria na primeira sessão e garantiu o comando da comissão com Viana na presidência e Alfredo Gaspar como relator. Duarte Jr., do PSB, foi escolhido como vice-presidente, sendo o único representante governista na direção.
O depoimento de Carlos Lupi, portanto, surge como um momento-chave para a comissão e pode redefinir o tom das discussões entre base e oposição nos próximos dias.