Investigada por elo com o PCC, Rede Sol Fuel mantém contratos milionários com órgãos públicos

Distribuidora de combustíveis citada na operação Carbono Oculto firmou acordos com governos federal, estaduais e municipais, mesmo sob suspeita de ligação com organização criminosa

Por Plox

05/09/2025 13h06 - Atualizado há cerca de 9 horas

Uma empresa do setor de combustíveis, citada em uma ampla operação da Polícia Federal contra o crime organizado, figura como fornecedora em contratos públicos que somam cerca de R$ 500 milhões desde 2023.


Imagem Foto: Divulgação Receita Federal


A Rede Sol Fuel, com sede em Ribeirão Preto (SP), é apontada pelas investigações da operação Carbono Oculto como uma peça relevante na engrenagem de lavagem de dinheiro operada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Ainda assim, a companhia mantém acordos ativos com diversas instâncias do poder público, incluindo prefeituras, governos estaduais e órgãos da União.



Segundo os investigadores, a empresa teria papel estratégico na ocultação de patrimônio, operacionalização de fraudes e facilitação de atividades financeiras ilícitas. As suspeitas recaem sobre sua relação com outras distribuidoras envolvidas no mesmo esquema, que também operam no terminal de Jardinópolis, compartilhado por 21 empresas.


Entre os contratos de maior valor estão dois acordos fechados recentemente: um de R$ 168,8 milhões com a Polícia Militar do Rio de Janeiro e outro de R$ 154,5 milhões com o Comando da Aeronáutica. Ambos tratam do fornecimento de combustíveis automotivos.



Além das forças armadas e da PM fluminense, a Rede Sol Fuel também firmou contratos com o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Comando do Exército, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia e outros órgãos públicos. A justificativa, segundo as instituições contratantes, é a legalidade dos processos licitatórios e a apresentação da melhor proposta de preço.


A empresa, por sua vez, nega envolvimento com qualquer atividade criminosa e afirma que apenas cedeu espaço em seu terminal para empresas devidamente autorizadas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
\"[A menção nas investigações] afeta muito a imagem da gente. Uma história construída em 26 anos de atuação\", declarou Ricardo Padilha Saldanha, advogado da empresa, à Folha

.

O advogado ainda ressaltou que a companhia entrou na Justiça para remover do terminal a empresa Duvale, apontada como uma das principais peças no esquema desvendado pela Carbono Oculto. Ele reforça que a Rede Sol não mantém vínculos comerciais com as empresas sob investigação.



Hoje, entre 15% e 20% do faturamento da Rede Sol Fuel vêm de contratos com entes públicos. Segundo a empresa, essa participação em licitações comprova sua idoneidade. Já o governo de São Paulo afirmou, por meio da Procuradoria Geral do Estado, que irá adotar as medidas legais cabíveis caso a ligação da distribuidora com organizações criminosas seja comprovada.


A Secretaria de Polícia Militar do Rio também reforçou, em nota, que a contratação foi feita dentro dos trâmites legais e que a distribuição do combustível é realizada internamente na corporação.



A operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, tem como um dos alvos principais o empresário Mohamad Hussein Mourad, considerado peça-chave na estrutura financeira do PCC. A investigação continua em andamento, mapeando as conexões do crime organizado com o setor privado e contratos públicos em todo o país.


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