Lula prioriza reta final de campanha de Boulos e se afasta de outras disputas municipais
Presidente mantém foco em compromissos internacionais e ministros assumem apoio a candidatos do PT.
Por Plox
05/10/2024 07h57 - Atualizado há cerca de 1 mês
O planejamento inicial do Partido dos Trabalhadores (PT) era contar com uma participação ativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas campanhas das capitais durante o primeiro turno, principalmente em locais onde as pesquisas indicavam chances de avanço ao segundo turno. Essas cidades incluíam Porto Alegre (Maria do Rosário), Goiânia (Adriana Accorsi), Fortaleza (Evandro Leitão), Natal (Natália Bonavides) e Teresina (Fábio Novo).
No entanto, ao longo da disputa, Lula cancelou sua presença em diversos eventos, distanciando-se das eleições municipais de 2024. A missão de acompanhar os candidatos do partido foi passada a ministros de sua gestão com vínculos com o PT, como Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil), Paulo Pimenta (Secom), Nísia Trindade (Saúde), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Camilo Santana (Educação) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social).
Com agendas focadas em compromissos internacionais e atividades no Palácio do Planalto, os candidatos do PT nessas capitais tiveram que recorrer a materiais de rádio e televisão gravados por Lula no final de agosto para impulsionar suas campanhas. Ao mesmo tempo, buscaram minimizar a ausência do presidente em atividades locais, reforçando sua presença por meio de inserções midiáticas.
O deputado federal Rogério Correia, candidato à Prefeitura de Belo Horizonte pelo PT, destacou que compromissos internacionais imprevistos dificultaram a presença de Lula em várias cidades, incluindo a capital mineira. "Ele descartou a ida não só em Belo Horizonte, mas também em outras cidades onde havia se comprometido. Duas viagens internacionais não programadas atrapalharam sua agenda", justificou Correia. Apesar disso, ele ressaltou a presença constante de Lula em seu programa de campanha, pedindo votos para o candidato petista.
Havia expectativa de que Lula pudesse apoiar a reeleição do prefeito Fuad Noman, uma vez que Correia não se mostrou competitivo nas pesquisas. O PSD, partido do atual prefeito, faz parte da base de apoio ao governo Lula, o que poderia influenciar esse cenário. Correia aparece na quinta posição na última pesquisa DataTempo, com 4,4% das intenções de voto, enquanto a falta de uma coligação com Duda Salabert, candidata do PDT e líder nas pesquisas com 6,8%, aumenta o risco de a esquerda ficar sem representação no segundo turno.
Apoio a Boulos e a situação em outras cidades
Em São Paulo, a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) é tratada como prioridade pelo governo Lula. O presidente participou de dois eventos de campanha ao lado do candidato e, na reta final, promoveu uma live com o deputado federal. Boulos corre matematicamente o risco de ficar fora do segundo turno.
Em relação a outras cidades importantes para o PT, como São Bernardo e Diadema, ambas na Grande São Paulo, havia expectativas de que Lula estivesse presente. São Bernardo é reconhecido como o berço político de Lula, onde viveu até 2021, e Diadema é a maior cidade administrada pelo PT, cujo prefeito, José Filippi Júnior, tenta a reeleição.
No Rio de Janeiro, o atual prefeito Eduardo Paes, que conta com apoio do PT, prefere manter certa distância de Lula em sua campanha. Líder nas pesquisas e com chances de vencer no primeiro turno, Paes acredita que a associação ao presidente pode prejudicar sua campanha, principalmente em cidades com ampla base de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, como Goiânia.