Ministério da Saúde inicia envio de antídotos para conter intoxicações por metanol
Com aumento nos casos, governo amplia estoques de etanol farmacêutico e fomepizol para atender hospitais em todo o país.
Por Plox
05/10/2025 09h26 - Atualizado há 8 dias
O Ministério da Saúde deu início, neste sábado (4), à distribuição emergencial de etanol farmacêutico — substância usada como antídoto em casos de intoxicação por metanol — para estados que solicitaram reforço de estoque. A medida acontece após o aumento expressivo dos casos registrados no país nas últimas semanas.

Nesta primeira etapa, 580 ampolas foram encaminhadas a cinco estados: 240 para Pernambuco, 100 para o Paraná, 90 para a Bahia, 90 para o Distrito Federal e 60 para Mato Grosso do Sul. Segundo a pasta, as entregas estão sendo realizadas em articulação com as secretarias estaduais de saúde. Os insumos fazem parte das 4,3 mil ampolas já destinadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) por meio dos hospitais universitários federais, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Durante coletiva em Teresina (PI), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também anunciou a aquisição de mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol, outro antídoto eficaz contra a intoxicação por metanol. “Já tínhamos adquirido 4,3 mil ampolas e agora garantimos mais 12 mil, que serão distribuídas aos centros de toxicologia e hospitais universitários. Essa ampliação assegura que nenhum paciente fique sem acesso ao tratamento adequado”, afirmou o ministro.
O fomepizol, produzido de forma limitada e não comercializado nas Américas, foi obtido através de parceria com o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e será trazido ao país a partir dos estoques mantidos por um fabricante japonês nos Estados Unidos. O medicamento deve chegar ao Brasil na próxima semana e será repassado aos estados conforme a demanda apresentada.
A pasta reforçou que os dois antídotos podem ser utilizados em casos suspeitos, mesmo antes da confirmação laboratorial, desde que administrados sob supervisão médica. “Seguimos a ciência e as orientações dos especialistas. O etanol farmacêutico e o fomepizol são tratamentos comprovados e reconhecidos pela comunidade médica internacional”, destacou Padilha.
A atualização mais recente do Ministério da Saúde, divulgada na noite deste sábado, revelou que o número de notificações de intoxicação por metanol subiu de 127 para 195 em todo o território nacional. São 14 casos confirmados e 181 ainda em investigação. A maior concentração está em São Paulo, que contabiliza 162 registros — 14 confirmados e 148 sob análise.
Entre os casos notificados, 13 resultaram em morte: uma confirmada em São Paulo e outras 12 em apuração (sete em SP, três em Pernambuco, uma na Bahia e uma em Mato Grosso do Sul). Apesar de não constar no boletim oficial, a Secretaria de Saúde de São Paulo confirmou a segunda morte provocada pela substância. A vítima é um homem de 46 anos, morador da capital paulista, internado após ingerir bebida alcoólica adulterada.
O governo federal garantiu que continuará monitorando a situação e mantendo o envio dos antídotos aos estados, enquanto investigações sobre a origem das contaminações seguem em andamento. A expectativa é de que, com o reforço no fornecimento de medicamentos, o tratamento aos pacientes seja garantido em todo o país.