Saúde

USP desenvolve sensor que detecta transtornos mentais pela saliva em apenas três minutos

Equipamento portátil identifica níveis da proteína BDNF, relacionados à depressão, esquizofrenia e bipolaridade, com custo acessível e alta precisão

05/10/2025 às 12:19 por Redação Plox

Um pequeno dispositivo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Embrapa Instrumentação, promete transformar o diagnóstico de transtornos mentais. O biossensor portátil consegue medir, em apenas três minutos, os níveis da proteína BDNF — o Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro —, um marcador biológico diretamente relacionado a condições como depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar.


Imagem Foto: FREPIK

A tecnologia, construída a partir de uma tira flexível com eletrodos, analisa gotas de saliva humana e apresenta resultados de forma rápida e precisa. O custo estimado é de apenas US$ 2,19, cerca de R$ 12, tornando o dispositivo acessível e viável para uso em larga escala. O estudo que detalha o funcionamento do sensor foi publicado na revista científica ACS Polymers Au.


De acordo com o físico Paulo Augusto Raymundo Pereira, do Instituto de Física de São Carlos (USP), o biossensor é muito mais ágil do que os métodos laboratoriais tradicionais, que dependem de equipamentos caros e demandam horas de processamento.
“Quando o nível da proteína está muito baixo, isso pode servir como um alerta para doenças psiquiátricas. Já um aumento do BDNF ajuda a acompanhar o sucesso do tratamento”,

explica o pesquisador.

Estudos recentes indicam que indivíduos saudáveis costumam apresentar mais de 20 nanogramas por mililitro (ng/mL) de BDNF, enquanto pacientes com depressão grave chegam a registrar menos de 10 ng/mL. A deficiência da proteína está associada ao declínio cognitivo e a diferentes transtornos mentais.


Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam a urgência de inovações como essa: mais de um bilhão de pessoas no planeta convivem com algum transtorno mental. No Brasil, segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, o número de afastamentos por problemas como ansiedade e depressão aumentou 134% entre 2022 e 2024.


Agora, o grupo de pesquisa busca patentear o dispositivo para levá-lo ao mercado nos próximos anos. A equipe trabalha também em uma integração com aplicativos de celular, permitindo o monitoramento em tempo real via conexão bluetooth. A ideia é que os resultados possam ser acompanhados por pacientes e médicos diretamente pelo smartphone.


A pesquisa recebeu apoio da FAPESP e contou com a participação de especialistas de diferentes áreas, como física, química e biotecnologia, que contribuíram para a criação de uma ferramenta inovadora e promissora no cuidado com a saúde mental.


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