Alimentação e mente: estudo associa risco de depressão a ultraprocessados

Pesquisas indicam que alterações na flora intestinal provocadas por alimentos ultraprocessados podem afetar a saúde mental

Por Plox

05/11/2023 11h09 - Atualizado há cerca de 1 ano

Produtos ultraprocessados, comuns no cotidiano alimentar moderno, vêm sendo associados a consequências negativas não só para a saúde física, mas também mental. Pesquisadores apontam uma correlação entre o consumo desses alimentos e o aumento do risco de depressão, uma conexão que pode estar atrelada a mudanças na microbiota intestinal e, consequentemente, na produção de neurotransmissores cerebrais.

Evidências e Estatísticas Um estudo realizado pela Universidade Federal de Viçosa, em colaboração com a Universidade Federal do Paraná, mostrou que adultos que consumiam uma quantidade significativa de calorias diárias provenientes de ultraprocessados apresentavam um risco 82% maior de desenvolver depressão a longo prazo. "Mesmo isolando efeitos de variáveis como sexo, consumo de álcool e frequência de atividade física, a correlação se manteve", enfatiza Helen Hermana Miranda Hermsdorff, coordenadora da pesquisa.

Diminuição do Risco Pesquisadores americanos, do Hospital Geral de Massachusetts e da Faculdade de Medicina de Harvard, observaram padrões similares. Mulheres que ingeriam uma grande quantidade de ultraprocessados diariamente estavam mais propensas a desenvolver depressão. Reduzir o consumo destes alimentos para menos de três porções ao dia mostrou a menor probabilidade de sintomas depressivos.

Aconselhamento Profissional Diante dessas descobertas, Priya Tew, da Associação Dietética Britânica, aconselha: "Embora as pesquisas mostrem uma associação, é cedo para afirmar que os ultraprocessados são a causa direta da depressão. Contudo, dietas que priorizam alimentos naturais, como a mediterrânea, têm relação com uma melhora na saúde mental e física."

Inflamações e Microbiota Outro estudo italiano reforça a hipótese de que ultraprocessados podem fomentar a inflamação sistêmica e desregular o metabolismo celular, potencialmente afetando a saúde mental. "A disbiose intestinal, decorrente do alto consumo desses alimentos e baixa ingestão de fibras, pode alterar a comunicação entre o intestino e o cérebro", explica Giuseppe Grosso, da Universidade de Catânia.

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