Boxeadora argelina é desqualificada após laudo médico apontar características intersexuais

Um jornalista francês teve acesso ao documento elaborado por endocrinologistas que examinaram a atleta

Por Plox

05/11/2024 09h10 - Atualizado há cerca de 1 mês

A boxeadora argelina Imane Khelif foi excluída das competições da Associação Internacional de Boxe (IBA) devido a um teste de gênero que revelou características intersexuais. O laudo médico, divulgado por um jornalista francês, indica que a atleta possui testículos internos, ausência de útero e um micropênis, além de apresentar cromossomos XY.

(Foto: Reprodução/Instagram/Acervo Pessoal).

O relatório, elaborado em junho de 2023, foi fruto de uma análise realizada em colaboração entre o hospital Kremlin-Bicêtre, na França, e o hospital Mohamed Lamine Debaghine, na Argélia. A investigação médica foi conduzida pelos endocrinologistas Soumaya Fedala e Jacques Young, que diagnosticaram Khelif com uma condição conhecida como deficiência de 5-alfa redutase. Esse distúrbio do desenvolvimento sexual é raro e afeta apenas pessoas com sexo biológico masculino.

Indivíduos com essa condição são geralmente designados como do sexo feminino ao nascer devido à aparência externa dos genitais. Contudo, na adolescência, ocorrem alterações físicas como o desenvolvimento de massa muscular e o aumento de pelos, enquanto características femininas, como seios e menstruação, não se manifestam. Esse foi o caso de Khelif, que desenvolveu essas características ao longo do tempo.

O jornalista Djaffar Ait Aoudia obteve uma cópia do exame completo, que incluiu ressonância magnética confirmando a ausência de útero e a presença de testículos. Além disso, o exame apontou que o “micropênis” da atleta se assemelha a um clitóris aumentado. Um teste cromossômico também revelou que Khelif tem um cariótipo XY, associado ao sexo masculino, enquanto seus níveis de testosterona são típicos desse grupo.

O laudo sugere que Khelif pode ser filha de parentes consanguíneos, o que pode explicar a manifestação da deficiência de 5-alfa redutase. Os médicos recomendaram que ela passasse por um tratamento de correção cirúrgica e terapia hormonal para alinhar sua aparência física à sua identidade de gênero feminina.

A IBA já havia realizado uma avaliação similar em março de 2023, que levou à decisão de desqualificar Khelif das competições femininas.

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