Não perca nenhuma notícia que movimenta o Brasil e sua cidade.
É notícia? tá no Plox
Saúde
Ansiedade atinge 18 milhões e desafia saúde mental no Brasil
Com recorde de casos, transtorno impacta ambiente de trabalho e cresce entre crianças
05/11/2025 às 10:15por Redação Plox
05/11/2025 às 10:15
— por Redação Plox
Compartilhe a notícia:
Mais de um bilhão de pessoas no mundo convivem com algum transtorno mental, sendo a ansiedade um dos mais frequentes, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Brasil lidera o ranking global de pessoas ansiosas, com cerca de 18 milhões de brasileiros afetados pelo transtorno. Especialistas alertam que esse número pode ser ainda maior, já que muitos casos ainda não têm diagnóstico.
Dados do Ministério da Previdência Social mostram o impacto do problema no mundo do trabalho. Em 2021, aproximadamente 49 mil pessoas foram afastadas de suas atividades por causa de transtornos de ansiedade; só no primeiro semestre de 2025, o número de licenças já ultrapassava 81 mil trabalhadores.
O diagnóstico costuma ser um percurso longo e envolve consultas com diferentes profissionais até que se encontre o tratamento mais adequado. Entre as principais formas de cuidar da ansiedade estão as medicações tradicionais, terapias comunitárias, técnicas de mindfulness e, em alguns casos, o uso controlado do canabidiol.
Ansiedade: categorias, abordagens terapêuticas e o impacto das telas nesse desafio que afeta 18 milhões de brasileiros
Foto: Reprodução Rede Globo
Quando a ansiedade deixa de ser natural e vira problema de saúde
Sentir ansiedade faz parte do cotidiano e cumpre papel importante na preparação do corpo para situações novas ou desafiadoras, como uma entrevista de emprego ou a espera pelo resultado de um exame. Porém, quando esses sentimentos ultrapassam limites, comprometendo sono, trabalho e relações pessoais, é sinal de alerta para um transtorno.
Seu corpo fica acelerado, o coração fica com as batidas mais descompassadas. A respiração é mais curta. Eu costumo dizer que ela é uma ladra de momentos presentes. Você está aqui, vivendo apenas a sua vida e ela te rouba. Ela te leva para um lugar muito ruim de estar
— psicólogo Alexandre Coimbra Amaral
Natália Oliveira, formada em psicologia e moradora de Heliópolis, relata que a ansiedade a acompanha desde a infância, com crises intensas e sintomas como dor no peito e insônia. Na vida adulta, essas crises impactaram tanto a saúde quanto o desempenho em provas importantes.
A atriz Dayane Lopes também enfrentou sintomas intensos, com episódios de vômito, tontura e noites sem dormir. Já a psiquiatra Camila Magalhães Silveira destaca que a diferença entre ansiedade comum e patológica está na preocupação excessiva e duradoura, capaz de gerar impactos físicos e dificuldades nos relacionamentos.
O psiquiatra Márcio Bernik ressalta que, quando o medo impede uma pessoa de realizar tarefas básicas, como pegar um metrô para o trabalho, o transtorno afasta a pessoa da vida normal. Alexandre Coimbra Amaral complementa que a ansiedade nasce das nossas interações com o ambiente, sendo resposta do corpo e mente aos desafios encontrados.
Diversos tipos de ansiedade e suas manifestações
Os transtornos de ansiedade se apresentam de formas diferentes, atingindo gerações e contextos sociais variados. Entre os tipos mais comuns estão:
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): caracterizado por preocupações constantes com diversas áreas da vida.
Fobias: podem ser específicas, como medo de lugares fechados ou de falar em público, ou relacionadas a situações sociais.
Síndrome do pânico: episódios intensos e inesperados de medo extremo.
O funcionamento do cérebro ansioso envolve a liberação aumentada de cortisol, hormônio do estresse, o que pode levar a sintomas como insônia, taquicardia e irritabilidade. Pessoas com ansiedade frequentemente têm níveis mais baixos de serotonina, neurotransmissor importante para o bem-estar. Não raro, a ansiedade pode estar associada à depressão.
Márcio Bernik explica que a combinação de fatores genéticos, escolhas e contexto influencia o surgimento do transtorno. Dayane Lopes, diagnosticada com ansiedade e depressão aos 19 anos, relata dificuldades em atividades sociais comuns para sua idade.
No Brasil, a ansiedade costuma caminhar junto da desigualdade social, como destaca o psicólogo Alexandre Coimbra, ao apontar que a pressão cotidiana impede muitos de cuidarem da própria saúde mental.
A costureira Maria de Fátima, liderança de Paraisópolis, sentiu o impacto da ansiedade depois de anos sobrecarregada por dificuldades e preocupações com a família. E mesmo pessoas com vida confortável, como o ator Marcelo Serrado, relatam episódios de ansiedade marcados por pensamentos catastróficos e crises em ambientes fechados.
Excesso de telas e o agravamento dos transtornos de ansiedade
Com o brasileiro passando, em média, nove horas diárias diante das telas, estudos e levantamentos apontam correlação direta com a piora dos sintomas de ansiedade. Entre crianças e adolescentes, o aumento dos casos é expressivo.
Segundo levantamento do Ministério da Saúde (2014-2024), atendimentos por transtornos de ansiedade no SUS cresceram mais de 1.500% entre crianças de 10 a 14 anos e mais de 3.000% entre adolescentes de 15 a 19 anos, período marcado pela popularização dos smartphones.
Mudanças no funcionamento cerebral dessas faixas etárias, como maior ativação da amígdala, tornam crianças e adolescentes mais vulneráveis a sintomas ansiosos. O psiquiatra Márcio Bernik observa que adultos jovens de hoje têm mais transtornos de ansiedade do que gerações anteriores.
A psicóloga Fernanda Lopes alerta para sinais sutis, como crises de asma na véspera de provas, mudanças alimentares e distúrbios do sono, que podem indicar ansiedade em crianças e adolescentes.
Em alguns casos, o afastamento temporário das redes sociais é uma recomendação médica para evitar comparações negativas e o sentimento de não pertencimento, como relata Gabriel Carvalho do Nascimento sobre sua experiência.
Terapias, medicação e mudanças de hábitos no combate à ansiedade
O tratamento da ansiedade deve ser orientado por um médico, com alternativas personalizadas que podem incluir psicoterapia, mudanças no estilo de vida e, quando necessário, uso de medicamentos controlados. A terapia cognitivo-comportamental é uma das abordagens mais utilizadas, disponível gratuitamente via SUS em algumas cidades.
A terapia é fundamental para a pessoa saber o que foi acontecendo e o que ela colocou debaixo do tapete e não quis lidar
— psiquiatra Camila Magalhães Silveira
Quando o suporte comunitário não basta, especialistas recomendam buscar apoio profissional. Melhorar a alimentação, o sono e inserir atividade física regularmente faz diferença significativa no tratamento.
Exercícios físicos intensos, especialmente aeróbicos, são fundamentais: recomenda-se que a prática seja vigorosa, promovendo aceleração dos batimentos cardíacos e suor por ao menos 35 minutos, quatro vezes por semana.
Técnicas de mindfulness, ou atenção plena, contribuem para o controle dos sintomas. Em estudos internacionais, a prática mostrou redução de até 60% nos sintomas após oito semanas. Exercícios simples de respiração, como a inspiração profunda e expiração prolongada, ajudam a amenizar as crises.
Canabidiol e outros caminhos alternativos no tratamento da ansiedade
Em quadros mais graves, o uso de antidepressivos e ansiolíticos pode ser indicado por médicos, sempre com acompanhamento profissional. Diferentemente do senso comum, os medicamentos atuais não trazem riscos graves de dependência ou problemas de memória, segundo especialistas.
A psicóloga Natália Oliveira reforça que a medicação pode ser temporária e serve de auxílio para conquistar estabilidade e clareza, especialmente quando associada à terapia.
Uma alternativa em expansão é o uso do canabidiol, derivado da cannabis, no tratamento do transtorno de ansiedade. Desde 2024, a prefeitura de São Paulo permite a distribuição gratuita de medicamentos à base da substância para indicações como Transtorno de Ansiedade Generalizada e Síndrome do Pânico, sob recomendação médica.
Segundo a psiquiatra Camila Silveira, o canabidiol faz sucesso entre pacientes que não respondem bem aos medicamentos tradicionais ou precisam de uma abordagem combinada. A artesã Maria de Fátima Lima é um exemplo, relatando melhora significativa na ansiedade e nas dores relacionadas à fibromialgia ao receber o canabidiol via posto de saúde.
Das medicações tradicionais às terapias comunitárias, do mindfulness ao uso controlado do canabidiol, as opções são cada vez mais amplas. Especialistas recomendam aceitar a ansiedade como um sinal do corpo e buscar ajuda assim que surgem os primeiros indícios.
De acordo com a psicóloga Fernanda Lopes, é possível que o transtorno de ansiedade seja uma fase da vida, sem necessidade de persistir para sempre. Dados relatados pelo portal G1.
Altas temperaturas aumentam a evaporação e favorecem a formação de nuvens capazes de produzir pedras de gelo, trazendo riscos e prejuízos em diversas regiões do Brasil
Altas temperaturas aumentam a evaporação e favorecem a formação de nuvens capazes de produzir pedras de gelo, trazendo riscos e prejuízos em diversas regiões do Brasil