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Saúde
Estudo indica novos exames para prever risco cardíaco além do colesterol
Pesquisa internacional aponta que três biomarcadores pouco comuns em exames de sangue podem antecipar o diagnóstico de doenças do coração e orientar a prevenção personalizada, mesmo em pessoas com colesterol normal.
05/11/2025 às 08:50por Redação Plox
05/11/2025 às 08:50
— por Redação Plox
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Problemas cardíacos podem se desenvolver devido a diversos fatores, como herança genética e hábitos de vida pouco saudáveis. No entanto, uma nova pesquisa abre caminho para prever o risco dessas doenças ainda antes do surgimento dos primeiros sintomas.
Pesquisa aponta para novos testes na previsão do risco cardiovascular para além dos níveis de colesterol
Foto: Reprodução
Exames de sangue podem ajudar a antecipar riscos cardíacos
Pesquisadores identificaram que exames de sangue pouco comuns nos consultórios podem facilitar o diagnóstico antecipado de doenças do coração, além de indicar pessoas com risco elevado de infarto. Essas descobertas decorrem de um estudo conduzido com base em três biomarcadores específicos, apresentados recentemente na American Heart Association.
O papel dos biomarcadores na saúde do coração
Os biomarcadores sanguíneos são substâncias presentes no sangue, como proteínas e enzimas, capazes de fornecer pistas sobre o funcionamento de órgãos específicos. Eles são úteis tanto para monitoramento quanto para o diagnóstico precoce de doenças, incluindo as cardíacas.
Principais biomarcadores identificados
Segundo os pesquisadores, três biomarcadores se destacam na identificação de alto risco para doenças cardíacas:
Lipoproteína (a) ou Lp(a): um tipo de colesterol com forte vínculo genético, que pode gerar acúmulo de placas nas artérias.
Colesterol residual: partículas de gordura nocivas que passam despercebidas em testes convencionais, mas também contribuem para obstruir artérias.
Proteína C reativa (hsCRP): indica níveis de inflamação no corpo, sendo altos valores um sinal de estresse e risco aumentado de danos arteriais.
Estudo avalia risco ao longo de 15 anos
O grupo baseou sua análise em dados de saúde do UK Biobank, acompanhando mais de 300 mil pessoas sem doenças cardíacas conhecidas ao início do estudo, por aproximadamente 15 anos.
Os resultados apontaram uma relação progressiva entre o número de biomarcadores alterados e o risco de infarto. Participantes com três marcadores elevados apresentaram quase o triplo de risco em comparação a quem tinha níveis normais. Aqueles com dois marcadores alterados tiveram mais que o dobro do risco, enquanto com apenas um marcador elevado, o aumento foi de cerca de 45%.
Análise conjunta amplia avaliação do risco
A pesquisa sugere que analisar esses três biomarcadores de forma combinada fornece um panorama mais abrangente do risco cardiovascular, pois integra fatores genéticos, metabólicos e inflamatórios.
Ao integrar fatores genéticos, metabólicos e inflamatórios, essa abordagem pode ajudar os médicos a identificar precocemente indivíduos de alto risco e orientar estratégias de prevenção personalizadas
Richard Kazibwe, professor da Faculdade de Medicina da Wake Forest University
Mesmo com colesterol e pressão arterial controlados, a avaliação desses exames pode indicar inflamação oculta, tendências genéticas e anomalias do colesterol que passariam despercebidas em avaliações convencionais.
Incorporação dos testes pode antecipar diagnóstico e prevenção
A principal vantagem da análise detalhada dos biomarcadores é o diagnóstico precoce, além de permitir aos profissionais da saúde definir estratégias de prevenção mais personalizadas. Grupos como pessoas com histórico familiar de doenças cardíacas precoces, diabetes tipo 2, hipertensão, obesidade ou níveis inexplicáveis de colesterol e inflamação podem ser especialmente beneficiados.
Além disso, a análise desses biomarcadores pode ser útil para pacientes que, mesmo sob tratamento otimizado, continuam apresentando eventos cardiovasculares, como infartos e AVCs.
Desafios na reversão dos níveis alterados
Nem sempre é possível reverter os níveis elevados desses biomarcadores, principalmente no caso da Lp(a), que sofre pouca influência da dieta, atividade física ou tratamentos tradicionais para lipídios. Nesses casos, há apenas uma terapia aprovada para pacientes de alto risco. Já colesterol residual e hsCRP podem ser amenizados com o uso de medicamentos específicos.
Mudanças de hábito, entretanto, continuam fundamentais no combate ao risco cardiovascular. Adotar atividade física, cessar o tabagismo, manter alimentação equilibrada e um peso saudável continuam como bases essenciais de prevenção.
Mudanças no estilo de vida continuam sendo essenciais para todos os pacientes: atividade física regular, cessação do tabagismo, alimentação equilibrada e manutenção de um peso saudável são a base para reduzir o risco cardiovascular
Richard Kazibwe
Próximos passos: mais estudos e integração às rotinas clínicas
Os pesquisadores sugerem que, no futuro, os exames desses biomarcadores possam ser integrados aos protocolos usuais de investigação de doenças cardíacas. Contudo, ressaltam que mais pesquisas são necessárias para validar os resultados e analisar questões como custo-efetividade na adoção dos testes.
Estudos futuros também devem avaliar a custo-efetividade e a integração desses exames nas diretrizes de prática clínica
Richard Kazibwe