FAMOSOS
Vini Jr. festeja vitória do Brasil sobre Senegal em Londres ao lado de Virginia Fonseca
Destaque do amistoso contra Senegal, atacante comemora resultado ao lado da nova namorada, enquanto Zé Felipe curte momento em família
O clonazepam, calmante mais consumido do Brasil, faz parte da rotina de milhões de pessoas, principalmente idosos. Estima-se que ao menos 2 milhões de brasileiros com mais de 60 anos utilizam o medicamento.
Somente em 2024, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram comercializadas 39 milhões de caixas do remédio. Embora o uso deva se restringir a crises agudas de ansiedade ou insônia, o consumo prolongado se consolida e favorece o desenvolvimento de dependência.
Nos consultórios, os relatos são frequentes: “Se eu não tomar clonazepam, não durmo”; “Sem ele, fico agitada”. Segundo Alan Eckeli, especialista em Medicina do Sono e professor da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, essas frases são quase sempre ditas por pessoas acima dos 60 anos e evidenciam a dependência silenciosa.
O clonazepam, o sedativo mais utilizado no Brasil, integra o dia a dia de milhões de indivíduos
Foto: Reprodução/Freepik
Muitos chegam com a receita renovada há anos, sem lembrar quando começaram a usar o remédio. O efeito é rápido e eficaz, e é exatamente isso que o torna perigoso. O medicamento funciona — mas, equivocadamente, passa a ser tomado sem fim. Alan Eckeli
Segundo Eckeli, a banalização começa ainda na prescrição, pois muitas vezes o clonazepam é indicado por profissionais sem formação em sono ou saúde mental. A insônia é tratada como sintoma, não como doença — e o tratamento se eterniza.
Conhecido pelo nome comercial Rivotril, o clonazepam compõe a classe dos benzodiazepínicos — medicamentos que atuam sobre o neurotransmissor GABA, desacelerando a atividade cerebral. É indicado oficialmente para epilepsia, transtornos convulsivos, crises de pânico, ansiedade e distúrbios do sono, conforme a bula aprovada pela Anvisa.
O efeito calmante surge rapidamente e pode durar até 24 horas devido à liberação lenta da substância. Porém, o uso contínuo sem indicação específica é desaconselhado e deve ser limitado às situações agudas, com supervisão médica.
Levantamento nacional de 2022 mostra que 2 milhões de idosos utilizam benzodiazepínicos no Brasil, sendo o clonazepam responsável por 41,3% desse consumo. Apesar da alta demanda, trata-se de um medicamento de tarja preta, vendido apenas com receita controlada, que é registrada nacionalmente.
Dados da Anvisa confirmam o protagonismo: 39 milhões de unidades vendidas em 2024 — volume superior ao de outros ansiolíticos do mesmo grupo, como alprazolam (20,5 milhões), bromazepam (15,3 milhões) e diazepam (7,7 milhões). Até medicamentos considerados alternativas para insônia, como zolpidem, ficam atrás, com 15,9 milhões de unidades vendidas este ano.
A popularidade do clonazepam se explica por fatores científicos e culturais. O geriatra Pedro Curiati, do Hospital Sírio-Libanês, ressalta que a longa meia-vida do remédio mantém seu efeito por até 24 horas, resultando em sono mais contínuo e sensação prolongada de calma, mas também em acúmulo da substância no organismo, elevando o risco de confusão mental, quedas e dependência nos idosos.
Além do efeito farmacológico, o baixo custo e o fácil acesso, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS), fizeram do clonazepam parte do cotidiano popular. O nome Rivotril tornou-se amplamente reconhecido após intensa divulgação quando o produto chegou ao mercado.
Segundo a psiquiatra Simone Kassouf, entre 20% e 25% de seus pacientes já chegam usando clonazepam, frequentemente há anos e sem revisão médica. O alívio sintomático é imediato, mas a causa subjacente dificilmente é solucionada.
É muito comum recebermos idosos que tomam benzodiazepínicos há anos, sem qualquer revisão da prescrição. A medicação gera conforto sintomático, mas não resolve o problema de fundo. Simone Kassouf
O uso prolongado demanda doses progressivamente maiores, estabelecendo um ciclo de dependência. A psiquiatra Camilla Pinna, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que, ao usar o remédio regularmente, o cérebro passa a associar o relaxamento ao medicamento.
Ao tentar interromper o uso, sintomas como ansiedade e insônia retornam com maior intensidade — o chamado efeito rebote. Para muitos idosos, o calmante preenche também vazios emocionais, como solidão e luto, criando um vínculo difícil de ser rompido.
Esse cenário torna o desmame ainda mais difícil, um desafio para os profissionais de saúde: embora o efeito imediato agrade, o uso prolongado cobra alto preço, com perda de memória, risco de quedas e dano cognitivo.
Muitos usuários começaram a tomar benzodiazepínicos na década de 1990, época de grande prescrição e percepção de solução rápida para problemas do sono. Hoje, com 70 ou 80 anos, a medicação segue integrada ao estilo de vida.
O coordenador do Departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Psiquiatria, Almir Tavares, destaca que o envelhecimento brasileiro ocorre em meio a doenças crônicas e desinformação. O uso sem acompanhamento médico adequado impede o alcance do sono reparador, já que o medicamento limita os estágios mais profundos do sono, como o REM, afetando a recuperação do corpo.
Entre especialistas, há consenso sobre a necessidade de desmame lento e com acompanhamento profissional. Camilla Pinna reitera que a interrupção abrupta deve ser evitada e, sempre que possível, o foco do tratamento deve ser na causa do quadro.
A terapia cognitivo-comportamental é considerada tratamento de primeira linha para insônia e ansiedade, porém ainda tem acesso restrito no sistema público. Pequenas mudanças de hábito, como atividade física, exposição à luz natural, rotina regular de sono e evitar telas e cafeína à noite, podem contribuir efetivamente para a melhora do quadro.
A trajetória dos calmantes reflete a busca contínua por um sono tranquilo, mas sem consequências. As décadas de 1950 e 1960 foram marcadas pelo uso de barbitúricos — potentes, mas arriscados devido à toxicidade. Com o tempo, surgiram os benzodiazepínicos, como diazepam e, posteriormente, clonazepam, vistos como uma revolução por reduzirem o risco de overdose.
No entanto, o uso prolongado resultou em outro tipo de dependência: a do uso crônico. Nos anos 2000, as “drogas Z”, como zolpidem, apareceram como alternativas modernas, mas também carregam potencial de abuso e efeitos adversos semelhantes. Compostos mais recentes, como ramelteona e antagonistas da orexina, prometem induzir o sono de forma mais fisiológica e sem dependência, porém ainda apresentam custo elevado e acesso limitado, perpetuando a dependência de medicamentos antigos.
Os especialistas alertam que esse padrão reflete um envelhecimento ansioso e solitário. Muitos idosos recorrem ao clonazepam não apenas por insônia ou ansiedade, mas também por solidão, luto ou falta de apoio familiar. Esses fatores emocionais têm grande peso e exigem acolhimento, pois conversas, vínculos e atividades podem ser tão importantes quanto o medicamento.
O geriatra Pedro Curiati acrescenta que sentimentos de tristeza e retraimento na terceira idade são muitas vezes confundidos com ansiedade, motivando prescrições inadequadas de calmantes. Ele reforça que a depressão é frequente nesse período e pode ter múltiplas causas, incluindo a perda de vínculos e as limitações impostas por doenças crônicas.
O tratamento adequado envolve diagnóstico preciso, uso de antidepressivos — que não geram dependência —, além de psicoterapia e, sempre que possível, terapia cognitivo-comportamental.
FAMOSOS
Destaque do amistoso contra Senegal, atacante comemora resultado ao lado da nova namorada, enquanto Zé Felipe curte momento em família
Destaque do amistoso contra Senegal, atacante comemora resultado ao lado da nova namorada, enquanto Zé Felipe curte momento em família
EXTRA
EXTRA
EXTRA
EXTRA
POLíTICA
POLíTICA
ECONOMIA
ECONOMIA
EXTRA
EXTRA
POLíTICA
POLíTICA
FAMOSOS
Destaque do amistoso contra Senegal, atacante comemora resultado ao lado da nova namorada, enquanto Zé Felipe curte momento em família
Destaque do amistoso contra Senegal, atacante comemora resultado ao lado da nova namorada, enquanto Zé Felipe curte momento em família
EXTRA
EXTRA
EXTRA
EXTRA
POLíTICA
POLíTICA
ECONOMIA
ECONOMIA
EXTRA
EXTRA
POLíTICA
POLíTICA