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Deputado Lucas Bove vira réu por violência doméstica contra ex-mulher

Justiça de SP aceita denúncia por agressão, perseguição e descumprimento de medidas protetivas contra Cíntia Chagas; Conselho de Ética arquivou processo na Alesp

05/11/2025 às 10:00 por Redação Plox

A Justiça de São Paulo transformou o deputado estadual Lucas Diez Bove (PL) em réu por violência doméstica, psicológica e perseguição contra a ex-mulher, a influenciadora digital Cíntia Chagas.

Em 2024, Cíntia registrou uma denúncia contra Lucas por agressores físicos e psicológicos

Em 2024, Cíntia registrou uma denúncia contra Lucas por agressores físicos e psicológicos

Foto: Redes Sociais


Deputado é acusado de violar medidas judiciais

Bove foi denunciado pelo Ministério Público por perseguição, violência física, psicológica e ameaça. A Justiça determinou ainda uma multa de R$ 50 mil ao parlamentar, devido ao descumprimento de ordens judiciais, como citar publicamente a vítima e tentar manter contato indevido. Até a publicação desta matéria, a defesa de Lucas Bove não havia se manifestado.

Cíntia Chagas, que soma mais de 7,6 milhões de seguidores nas redes sociais, registrou queixa no ano passado relatando abusos físicos e psicológicos ocorridos ao longo do relacionamento, que durou mais de dois anos.

Abusos relatados e investigação policial

Segundo a denúncia, Lucas Bove praticava intimidações constantes e, em alguns episódios, mexia com uma arma de fogo na frente de Cíntia enquanto fumava maconha, apontando o objeto para ela sob o pretexto de brincadeira. Também há registros de agressões físicas, como o arremesso de uma faca contra a perna de Cíntia, ameaças de morte em caso de suposta traição e solicitação ao segurança para esconder o corpo da vítima. Ele ainda beliscava a ex-mulher e apertava seus seios, inclusive na presença de terceiros.

O parlamentar foi indiciado pela polícia em setembro por perseguição e violência psicológica. As investigações foram concluídas e encaminhadas à Justiça.

Consequências políticas e descumprimento de decisões judiciais

Apesar das acusações, em agosto, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo optou por arquivar o pedido de quebra de decoro parlamentar feito após as denúncias de Cíntia. No mês seguinte, o Ministério Público apresentou denúncia formal à Justiça e solicitou que a Assembleia Legislativa tomasse providências relacionadas ao deputado.

Na acusação, o MP relatou que há cerca de um ano Lucas Bove vem desobedecendo determinações judiciais. Inicialmente, ele se referia indiretamente à ex-mulher em redes sociais, mas depois passou a publicar o nome dela e detalhes do caso, contrariando decisão que proibia essas menções.

As publicações do deputado teriam exposto a vítima ao constrangimento público, insinuando que ela mentia e compartilhando conteúdo ofensivo, segundo o Ministério Público. A conduta teria provocado desgaste emocional, sofrimentos adicionais e revitimização.

Pronunciamentos de Cíntia Chagas e de sua defesa

Em nota, Cíntia afirmou manter a confiança no Judiciário, apesar de ser alvo de acusações e tentativas de desacreditação. Ela destacou que o deputado vem, em cada decisão desfavorável, elegendo novos adversários entre os envolvidos no processo, mas que segue acreditando na Justiça.

A Justiça acolher as denúncias do Ministério Público e transformar Lucas Bove em réu pelos crimes de violência psicológica, física, perseguição, ameaça e descumprimento de medidas protetivas contra Cíntia Chagas é um passo fundamental no combate à impunidade e um marco na aplicação da Lei Maria da Penha em sua plenitude, inclusive diante da violência praticada por meios digitais e institucionais. Gabriela Manssur, advogada de Cíntia Chagas

Defesa de Lucas Bove

Quando a denúncia foi aceita, a defesa de Lucas Bove declarou surpresa com o pedido de prisão apresentado pelo Ministério Público e defendeu que não haveria motivos legais para tal medida. Reiterou críticas ao vazamento de informações do processo, que corre em segredo de Justiça, e afirmou que Cíntia também descumpriu ordens judiciais. Por fim, a defesa mantém que Bove confia na Justiça e buscará provar sua inocência.

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