Lula anuncia viagem à Guiana em 2024 em meio a tensões com a Venezuela

Presidente pretende discutir democracia e governança da ONU; tensão na região aumenta após movimento venezuelano para anexar território guianense

Por Plox

05/12/2023 12h45 - Atualizado há mais de 1 ano

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, revelou planos de visitar a Guiana em 2024, com o intuito de participar de uma reunião do Mercado Comum e Comunidade do Caribe (Caricom). Essa declaração acontece em um momento de crescente tensão internacional entre a Guiana e a Venezuela, esta última buscando anexar a região de Essequibo. O anúncio foi feito durante a live ‘Conversa com o Presidente’, transmitida de Berlim, na Alemanha.

 

Foto: Ricardo Stuckert/PR 05.12.2023

Lula, que encerra seu ciclo de viagens internacionais em 2023, mencionou outras duas viagens planejadas para 2024. Uma delas é para uma reunião da União Africana em Addis Ababa, na Etiópia, e a outra para a Guiana, para discutir temas como democracia e a governança da ONU. "Ano que vem eu tenho duas viagens que eu quero fazer... O restante dos 365 dias se preparem porque eu vou percorrer o Brasil”, afirmou o presidente.

Recentemente, o regime de Nicolás Maduro na Venezuela organizou um referendo, onde a maioria dos venezuelanos aprovou medidas que podem levar à anexação de parte do território de Essequibo, uma área rica em petróleo que pertence à Guiana. A criação da província “Guayana Esequiba” foi aprovada, abrangendo cerca de 70% dos 160 mil km² de Essequibo. Maduro manifestou a intenção de usar a força para tomar o território, intensificando a presença militar na fronteira com a Guiana.

Em resposta, o Brasil tem buscado evitar o conflito. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, confirmou o envio de blindados do Exército para Roraima, estado que faz fronteira com Guiana e Venezuela. Além disso, o contingente militar em Pacaraima, cidade de Roraima próxima à Venezuela, foi aumentado de 70 para 130 militares.

Lula, mantendo uma postura moderada diante do conflito, evitou críticas diretas a Maduro, com quem se encontrou este ano. Em entrevista em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o presidente brasileiro apelou ao “bom senso” e referiu-se ao Acordo de Genebra de 1966, que contesta a validade de um laudo de 1899 sobre as fronteiras da região. "Conversei por telefone com o presidente da Guiana duas vezes. O Celso [Amorim, assessor especial da Presidência] já foi à Venezuela conversar com o [Nicolás] Maduro. Tem um referendo, que provavelmente vai dar o que o Maduro quer, porque é um chamamento ao povo para aumentar aquilo que ele entende que seja o território dele. E ele não acata o acordo que o Brasil já acatou”, disse Lula.

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