Brasil reduz pobreza e extrema pobreza ao menor nível da década, aponta IBGE
Programas sociais e mercado de trabalho impulsionam queda histórica; Nordeste segue como a região mais afetada.
Por Plox
05/12/2024 15h01 - Atualizado há 7 dias
O Brasil encerrou 2023 com os menores níveis de pobreza e extrema pobreza já registrados pela Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE. Apesar do avanço, 58,9 milhões de brasileiros ainda vivem na pobreza, enquanto 9,5 milhões permanecem em situação de extrema pobreza.
O estudo utiliza critérios do Banco Mundial para definir os limites: extrema pobreza corresponde a US$ 2,15 diários por pessoa (R$ 209 mensais), e pobreza a US$ 6,85 diários (R$ 665 mensais).
Entre 2022 e 2023, 3,1 milhões de brasileiros deixaram a extrema pobreza, reduzindo a taxa de 5,9% para 4,4% da população. Em relação à pobreza, 8,7 milhões saíram dessa condição, levando o índice de 31,6% para 27,4%.
Fatores determinantes: emprego e programas sociais
De acordo com o pesquisador do IBGE Bruno Mandelli Perez, o mercado de trabalho foi decisivo para a redução da pobreza, enquanto os programas sociais desempenharam papel essencial na extrema pobreza.
O aumento dos valores do Bolsa Família em 2023, comparado ao Auxílio Brasil de 2022, contribuiu diretamente para a trajetória de redução. A renda média dos domicílios mais pobres passou a depender mais de benefícios sociais, que hoje representam 57,1% dos rendimentos dessas famílias, superando os 34,6% provenientes do trabalho.
Nordeste concentra maior pobreza
A desigualdade regional persiste:
Extrema pobreza: Nordeste (9,1%) contra Sul (1,7%).
Pobreza: Nordeste (47,2%) contra Sul (14,8%).
Recortes de gênero, raça e idade
Grupos mais vulneráveis continuam sendo os mais afetados:
-Mulheres: 28,4% vivem na pobreza, frente a 26,3% dos homens.
-Negros: Pardos (35,5%) e pretos (30,8%) têm taxas de pobreza muito superiores aos brancos (17,7%).
-Jovens: A pobreza atinge 44,8% dos menores de 15 anos e 29,9% dos que têm entre 15 e 29 anos.
Já entre idosos, a situação é melhor: apenas 11,3% vivem na pobreza e 2% na extrema pobreza, reflexo da cobertura de aposentadorias e pensões vinculadas ao salário mínimo.
Impacto dos programas de transferência de renda
Sem os programas sociais, a extrema pobreza seria 11,2% em vez de 4,4%, e a pobreza alcançaria 32,4%, revela simulação do IBGE. A reedição do Bolsa Família, em março de 2023, elevou para 27,9% a proporção de pessoas vivendo em lares beneficiados por transferências, contra 25,8% no ano anterior.
Desigualdade estável no menor nível histórico
O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, manteve-se em 0,518 em 2023, o menor desde 2012. Sem programas de transferência, o Gini teria subido para 0,555, indicando maior desigualdade.
Os dados refletem uma redução histórica, mas ainda destacam desafios significativos, especialmente em regiões e grupos populacionais mais vulneráveis.