Polícia

Analista da Polícia Civil é denunciada por desvio de cerca de 200 armas em delegacia de BH

MP de Minas Gerais acusa servidora por peculato após sumiço de armas, dinheiro e objetos sob custódia na 1ª Delegacia do Barreiro; câmeras mostram saídas com bolsas volumosas e investigação aponta aumento repentino de padrão de vida

05/12/2025 às 12:23 por Redação Plox

O Ministério Público de Minas Gerais denunciou uma analista da Polícia Civil suspeita de desviar cerca de 200 armas, dinheiro e outros objetos que estavam sob custódia da 1ª Delegacia de Polícia do Barreiro, em Belo Horizonte. As investigações indicam que os desaparecimentos ocorreram em um intervalo de nove dias, entre 20 e 29 de outubro, dentro da unidade, durante o expediente.


Segundo a denúncia, a funcionária era responsável pelo setor de protocolo e tinha acesso direto à sala de acautelamento de materiais, onde são armazenadas armas, valores apreendidos e objetos recolhidos em diligências. Apenas ela e uma escrivã detinham a chave do local.


As irregularidades vieram à tona após a apreensão, em Contagem, de uma arma que deveria estar guardada na delegacia e, posteriormente, com a abertura de um inventário em 29 de outubro, que revelou o sumiço de aproximadamente 200 armas de fogo e de valores que deveriam estar acondicionados em invólucros lacrados.


Servidora pública é apontada como responsável pelo sumiço de mais de 200 armas da 1ª Delegacia do Barreiro, no bairro Jardinópolis, em Belo Horizonte

Servidora pública é apontada como responsável pelo sumiço de mais de 200 armas da 1ª Delegacia do Barreiro, no bairro Jardinópolis, em Belo Horizonte

Foto: Reprodução / Google Street View.


Envelope vazio e invólucros violados

Em um dos pacotes, que deveria conter R$ 1.908, os servidores encontraram apenas o envelope violado e vazio. Outros invólucros também apresentavam sinais de violação, inclusive dentro de um armário trancado e desconhecido pelos demais funcionários da unidade. O mesmo cenário foi constatado novamente em 13 de novembro, durante nova verificação no local.


De acordo com o apurado, a situação expôs falhas graves no controle dos materiais sob custódia da delegacia e levou ao aprofundamento das investigações sobre a atuação da servidora no setor.

Câmeras registram movimentação suspeita

Imagens de câmeras de segurança registraram a analista entrando e saindo da delegacia nos dias 20, 22, 24 e 29 de outubro carregando bolsas e sacolas volumosas. De acordo com o Ministério Público, esses registros coincidem com a movimentação de veículos em frente à unidade policial.


Em um dos episódios, ela teria retirado objetos do porta-malas do carro que utilizava e transferido para outro veículo, um Citroën branco, dirigido por um homem que não foi identificado. As imagens e os relatos foram incorporados ao procedimento investigatório.

Controle exclusivo e falhas no registro

Testemunhas ouvidas no caso relataram que, a partir de 2019, a servidora passou a assumir sozinha o protocolo e o controle da sala de materiais, tornando-se a única responsável pela guarda e pela inserção dos objetos no sistema eletrônico.


Em diversos registros analisados, não havia repasse para outros funcionários, o que, segundo a investigação, concentrava atribuições e dificultava o controle cruzado de entrada e saída de materiais na delegacia.

Suspeita de enriquecimento incompatível

A apuração também identificou um aumento repentino no padrão de vida da servidora, com viagens internacionais, compras de alto valor, cirurgias estéticas e mobiliamento de um apartamento em curto espaço de tempo. Não foi encontrada, até o momento, justificativa considerada compatível com a renda dela como servidora pública.


Esses elementos foram reunidos no relatório de investigação e utilizados para embasar o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público.

Acusação de peculato e pedido de indenização

O Ministério Público enquadrou a conduta da analista no crime de peculato, que se caracteriza quando um agente público se apropria de bens ou valores que estão sob sua responsabilidade.

O órgão requereu que a Justiça receba a denúncia, determine a citação da acusada e das testemunhas e fixe um valor mínimo de indenização pelos prejuízos causados ao erário.

Redistribuição do processo na Justiça

Nessa quinta-feira (4), a juíza Rafaela Kehrig Silvestre, da 1ª Vara de Garantias de Belo Horizonte, entendeu que, como o Ministério Público já ofereceu a denúncia, o processo deve ser retirado da competência daquela Vara e redistribuído para uma Vara Criminal, o que ainda não ocorreu.

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