Economia

Dólar dispara e Ibovespa despenca com tensão eleitoral de 2026 e Flávio Bolsonaro no radar

Moeda americana sobe mais de 2% e bolsa recua quase 4% após sinalização de candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026 frustrar expectativa de chapa Tarcísio–Michelle, em meio a dados de PIB fraco no Brasil e inflação sob controle nos EUA.

05/12/2025 às 16:49 por Redação Plox

Dólar dispara e Ibovespa desaba com tensão eleitoral de 2026 no radar

Dólar

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Foto: Freepik / Reprodução

Depois de subir 1,67% na véspera, aos 164.456 pontos, o Ibovespa inverteu o sinal nesta sexta-feira (5). Por volta das 16h40, o índice caía 3,96%, aos 157.951 pontos, após ter renovado mais cedo um recorde intradiário ao tocar os 165 mil pontos.

No câmbio, o movimento foi oposto. A moeda americana, que havia recuado 0,04% na sessão anterior, cotada a R$ 5,3103, avançava 2,55% no mesmo horário, negociada a R$ 5,4458.

Em um pregão que tinha tudo para ser guiado pelos dados de inflação nos Estados Unidos, a política em Brasília tomou o centro do palco. A sinalização de que Flávio Bolsonaro pode entrar na disputa presidencial de 2026 desencadeou uma reação imediata: o dólar disparou e a bolsa brasileira virou para forte queda.

Cenário doméstico: PIB fraco e expectativa por cortes de juros

No Brasil, o dia também foi marcado pela divulgação do PIB do terceiro trimestre, que mostrou crescimento de apenas 0,1%. O resultado reflete a perda de ritmo do setor de serviços e do consumo das famílias, reforçando a avaliação de que o Banco Central pode iniciar o ciclo de cortes de juros já em janeiro.

Os números da moeda americana mostram que, apesar da forte alta desta sexta, o movimento no acumulado ainda é negativo:

Dólar

Acumulado da semana: -0,46%;
Acumulado do mês: -0,46%;
Acumulado do ano: -14,07%.

Ibovespa

Acumulado da semana: +3,39%;
Acumulado do mês: +3,39%;
Acumulado do ano: +36,73%.

Flávio Bolsonaro entra no horizonte de 2026

A leitura de que Flávio Bolsonaro pode disputar a Presidência em 2026, no lugar do pai, provocou reação rápida e negativa nos mercados. No começo da tarde, o dólar ganhou força frente ao real e o Ibovespa passou de alta a forte queda, apesar do ambiente externo mais favorável após o índice de inflação PCE dos Estados Unidos ter vindo em linha com o esperado.

Jair Bolsonaro, preso por tentativa de golpe de Estado, está impedido de concorrer nas próximas eleições. Esse cenário abriu espaço para uma disputa entre aliados pelo capital político do ex-presidente.

Até então, lideranças do Centrão trabalhavam com outra composição: uma chapa liderada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), com Michelle Bolsonaro como vice. Essa configuração era vista como mais competitiva, capaz de unificar a direita e considerada no Planalto como a principal alternativa de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já anunciou a intenção de buscar a reeleição no próximo ano.

A eventual candidatura de Flávio, porém, foi mal recebida pelo mercado financeiro. A avaliação predominante é de que a mudança pode fragmentar a base bolsonarista e ampliar a incerteza sobre o quadro eleitoral.

Segundo Marcos Praça, diretor de análise da Zero Markets Brasil, antes se cogitava a candidatura de Tarcísio de Freitas, que, como governador de São Paulo, já contava com uma base eleitoral consolidada e projeção favorável. Ele ressalta que o apoio de Jair Bolsonaro tornaria esse arranjo ainda mais competitivo, enquanto a escolha pelo filho altera as expectativas.

Na visão de Praça, o movimento abre espaço para disputas internas e dificulta a formação de uma frente unificada contra Lula, criando divisões entre apoiadores e reduzindo a previsibilidade do cenário eleitoral.

Apesar da forte volatilidade do dia, parte dos analistas segue otimista com o desempenho da bolsa no médio prazo. Para Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, o pano de fundo permanece favorável, com preços considerados atrativos, ciclo de cortes de juros prestes a começar e expectativa de mudança de ciclo político que permita avançar em uma agenda de reformas.

Ele acrescenta que a última “superquarta” do ano, marcada para a próxima semana, pode reforçar esse movimento, especialmente se a diferença de juros favorecer o câmbio e der novo impulso ao mercado acionário.

Inflação nos EUA: PCE dentro das expectativas

O índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos Estados Unidos, principal medida de inflação acompanhada pelo Federal Reserve, subiu 0,3% em setembro na comparação com agosto, repetindo o ritmo do mês anterior e em linha com as projeções.

Na comparação com setembro do ano passado, o PCE avançou 2,8%, ligeiramente acima dos 2,7% registrados em agosto, também dentro das expectativas.

O núcleo do indicador, que exclui itens mais voláteis como energia e alimentos, também manteve o padrão: alta de 0,2% no mês, repetindo agosto, e de 2,8% em 12 meses, abaixo dos 2,9% observados anteriormente e levemente inferior ao consenso, que projetava alta de 2,9%.

O resultado reforçou as apostas de que o Fed poderá iniciar cortes de juros já na próxima semana, cenário monitorado de perto pelos mercados globais.

Humor do consumidor americano melhora

O índice de sentimento do consumidor dos EUA subiu de 51 pontos em novembro para 53,3 pontos em dezembro, segundo a Universidade de Michigan, superando a projeção média de 52 pontos.

O componente que mede as condições atuais da economia recuou levemente, de 51,1 para 50,7 pontos. Já o índice de expectativas, que avalia a percepção sobre os próximos meses, passou de 51 para 55 pontos no mesmo intervalo.

As expectativas de inflação também mostraram alívio. Para os próximos 12 meses, caíram pelo quarto mês consecutivo, de 4,5% para 4,1%, o menor nível desde janeiro. No horizonte de cinco anos, passaram de 3,4% para 3,2%, repetindo o patamar do início do ano.

Bolsas globais reagem à perspectiva de corte de juros

Em Wall Street, os investidores concentraram as atenções nos dados de inflação que seriam divulgados ao longo do dia, em busca de confirmação para o cenário de corte de juros pelo banco central americano na próxima semana.

Na abertura dos negócios, o Dow Jones avançava 0,06%, a 47.879,6 pontos; o S&P 500 subia 0,13%, a 6.866,32 pontos; e o Nasdaq ganhava 0,27%, aos 23.567,77 pontos.

Na Europa, as bolsas encerraram o dia de forma mista, acompanhando o otimismo em relação à possível flexibilização da política monetária nos EUA. Investidores também seguiram atentos às negociações em torno de um eventual acordo de paz entre Rússia e Ucrânia.

Ao fim do pregão, o STOXX 600 avançou 0,01% e o DAX subiu 0,61%. Já o FTSE 100 recuou 0,45% e o CAC 40 caiu 0,09%.

Ásia interrompe sequência de quedas na China

As bolsas asiáticas fecharam em alta na maioria dos mercados, interrompendo uma sequência de quedas na China. O desempenho foi puxado pelo otimismo em torno de fabricantes locais de chips, em meio às tensões comerciais com os EUA e a medidas para fortalecer a produção doméstica.

Em Xangai, o índice SSEC subiu 0,70%, aos 3.902 pontos, enquanto o CSI300 avançou 0,84%, a 4.584 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng ganhou 0,58%, fechando aos 26.085 pontos.

No Japão, o Nikkei recuou 1,05%, para 50.491 pontos. Em outros mercados, o Kospi subiu 1,78%; o Taiex, 0,67%; o Straits Times caiu 0,08%; e o S&P/ASX 200, na Austrália, avançou 0,27%.

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