Dólar interrompe queda histórica e fecha em alta de 0,41%, cotado a R$ 5,79
Bolsa sobe 0,30%, impulsionada por disparada de 15,56% nas ações da Embraer
Por Plox
06/02/2025 10h14 - Atualizado há cerca de 1 mês
O dólar encerrou nesta quarta-feira (5) uma sequência recorde de 12 quedas consecutivas, registrando alta de 0,41% e sendo cotado a R$ 5,793. Esse foi o primeiro avanço diário da moeda norte-americana desde 17 de janeiro, embora ainda acumule uma desvalorização de 6,24% em 2025.

Oscilação do dólar e impacto no mercado
A moeda começou o dia em baixa e chegou ao menor patamar de R$ 5,750 às 9h07. No entanto, reverteu o movimento e atingiu a máxima de R$ 5,817 às 11h06. Durante a tarde, manteve-se próxima da estabilidade antes de fechar em alta.
No cenário internacional, o índice DXY – que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas – recuou 0,35%, indicando um enfraquecimento global da divisa. Ainda assim, a moeda americana se valorizou frente à maioria das moedas latino-americanas.
Ibovespa em alta e destaque para Embraer
O Ibovespa avançou 0,30%, atingindo 125.534 pontos, com os holofotes voltados para a Embraer. As ações da empresa dispararam 15,56%, fechando a R$ 66,40, após o anúncio da maior encomenda de jatos executivos da sua história.
Outro destaque positivo foi o Santander Brasil, que reportou um lucro líquido gerencial de R$ 13,872 bilhões em 2024. O desempenho ajudou a impulsionar o setor bancário e contribuiu para a valorização da Bolsa.
Por outro lado, a Petrobras exerceu pressão negativa no índice, refletindo a queda nos preços internacionais do petróleo.
Correção da cotação e perspectivas
Analistas apontam que a valorização do dólar foi uma correção natural após um período de queda intensa. A divisa americana atingiu níveis considerados exagerados no Brasil no final do ano passado, chegando a um recorde de R$ 6,267.
"Foram doze pregões seguidos de queda. Absolutamente natural um pregão de correção (hoje)", afirmou Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos, reforçou que não houve nenhum fator concreto que justificasse a alta do dólar, além do movimento técnico de correção. "Não que este seja um sinal de reversão de tendência. Acho que a tendência de queda deve continuar", avaliou.
Cenário econômico e influência dos EUA
A recente desvalorização do dólar foi associada, em parte, à percepção de que o governo norte-americano sob Donald Trump tem adotado uma postura mais moderada do que o esperado. Apesar das ameaças do presidente de impor tarifas de importação, analistas avaliam que essas medidas podem ser apenas estratégias de negociação.
"É natural que haja algum receio no impacto do comércio global já que estamos falando das duas maiores economias do planeta. Mas acho que fica nisso. Trump é o rei da bravata", disse Bergallo.
Indústria brasileira e impacto econômico
O mercado também reagiu aos dados da produção industrial brasileira divulgados pelo IBGE. Em 2024, o setor registrou crescimento de 3,1%, impulsionado pelo aumento da empregabilidade, maior renda e estímulos fiscais.
Porém, o desempenho mensal indicou perda de fôlego: a produção industrial caiu 0,3% em dezembro, acumulando retração de 1,2% nos últimos três meses do ano.
"Essa perda de dinamismo da indústria guarda uma relação com a redução nos níveis de confiança das famílias e dos empresários, explicada, em grande parte, pelo aperto na política monetária, com o aumento das taxas de juros a partir de setembro de 2024, a depreciação cambial, impactando os custos, e a alta da inflação, especialmente de alimentos", explicou André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE.
Haddad apresenta cenário fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para apresentar um diagnóstico da economia brasileira. O governo destacou que está promovendo um "equilíbrio fiscal verdadeiro" e listou 25 prioridades econômicas para 2025 e 2026.
Segundo Haddad, o país tem crescido acima das expectativas, com desemprego em níveis historicamente baixos, aumento dos investimentos e redução da pobreza.
Motta, por sua vez, reforçou que a responsabilidade fiscal será uma prioridade da Câmara em sua gestão.
Mercado internacional e tensões comerciais
Nos Estados Unidos, a criação de empregos no setor privado superou as expectativas em janeiro, com 183 mil novas vagas – acima da previsão de 150 mil. Isso pode influenciar as decisões do Federal Reserve sobre a manutenção das taxas de juros em patamares elevados, o que fortalece o dólar.
Além disso, as importações norte-americanas atingiram um recorde de US$ 98,5 bilhões em dezembro, um aumento de 24,7%.
O presidente Donald Trump seguiu com sua política tarifária agressiva. No sábado (1º), assinou um decreto impondo tarifas sobre importações do Canadá, México e China. No entanto, suspendeu as medidas para os dois primeiros após negociações.
A China, por outro lado, retaliou com tarifas sobre produtos norte-americanos, como carvão, gás natural, petróleo bruto, equipamentos agrícolas e automóveis elétricos da Tesla. Pequim também anunciou investigações antimonopólio contra o Google.
A nova rodada de tarifas sino-americanas deve entrar em vigor em 10 de fevereiro, mas há expectativa de que Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, conversem para buscar um acordo antes da data-limite.
A escalada na guerra comercial aumenta a incerteza global e pode pressionar os mercados financeiros nas próximas semanas.