Mulheres lideram quase 41% dos pequenos negócios em Minas Gerais

Empreendedorismo feminino cresce no estado, com destaque para os setores de serviços e comércio

Por Plox

06/03/2025 11h35 - Atualizado há 9 dias

O empreendedorismo feminino em Minas Gerais tem ganhado cada vez mais força. Segundo um levantamento do Sebrae Minas, baseado em dados da Receita Federal, 40,9% dos pequenos negócios ativos no estado são liderados por mulheres. Isso equivale a 897.481 empreendimentos, posicionando Minas Gerais como o segundo estado com maior participação feminina no setor, atrás apenas de São Paulo. No Brasil, a média nacional de mulheres à frente de pequenos negócios é de 41,5%, dentro de um universo de 8,3 milhões de empreendimentos.


Imagem Foto: Pixabay


Os setores que mais concentram negócios sob liderança feminina em Minas Gerais são o de serviços, com mais de 450 mil empresas, e o comércio, com cerca de 274 mil. A presença expressiva das mulheres no comando de pequenos negócios tem sido impulsionada, principalmente, pela busca por autonomia financeira. Segundo a terceira edição da Pesquisa Mulheres Empreendedoras, realizada pelo Sebrae Minas, oito em cada dez empresárias mineiras têm no próprio negócio sua principal fonte de renda. No entanto, metade dessas empreendedoras ainda fatura menos de R$ 5 mil por mês, e três em cada dez geram empregos.



O perfil das empreendedoras mineiras também chama atenção. A maioria (60%) tem entre 31 e 50 anos, mais da metade delas é casada e 70% têm filhos. Além disso, 93% iniciaram seus negócios por conta própria. A pesquisa revelou ainda que 41% dos negócios liderados por mulheres têm entre três e cinco anos de mercado, o que indica que muitas empresárias já superaram a fase inicial e estão em fase de consolidação.


Mesmo com o avanço, há desafios significativos no caminho das empreendedoras. Entre os principais obstáculos relatados estão a falta de conhecimento em gestão (62%), a dificuldade em conciliar a vida pessoal e profissional (46%) e o acesso a crédito (41%). Além disso, 58% das entrevistadas afirmaram nunca ter participado de cursos, treinamentos ou mentorias, o que pode dificultar o crescimento dos negócios.



Outro fator que impacta as empreendedoras é a dificuldade no financiamento de seus negócios. De acordo com o levantamento, 92% das empresárias utilizam recursos próprios para manter suas empresas, e apenas 40% buscaram crédito. Dentre aquelas que tentaram financiamento, 29% enfrentaram barreiras como exigência de muitas garantias e falta de informação sobre as linhas de crédito disponíveis. Para a analista do Sebrae Minas, Tábata Moreira, esses números evidenciam a necessidade de simplificar processos burocráticos e ampliar o acesso ao crédito, especialmente por meio de programas governamentais e iniciativas como o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), que ainda são pouco conhecidos.


A digitalização também tem sido uma ferramenta essencial para muitas dessas empreendedoras. Segundo o levantamento, 73% delas já utilizam canais digitais para comercializar seus produtos ou serviços. Três em cada dez afirmam vender exclusivamente pela internet, enquanto outra parcela significativa combina loja física com plataformas digitais. Isso demonstra que as empresárias estão atentas às tendências do mercado e às mudanças no comportamento do consumidor, o que contribui para a competitividade de seus negócios.



A pesquisa também revelou que a maioria das empreendedoras precisa lidar com múltiplas funções dentro do próprio negócio. Entre as atividades mais desafiadoras, o marketing aparece como a principal dificuldade (68%), seguido pela administração financeira (57%) e pelo planejamento e definição de metas (57%). Outros desafios incluem inovação (46%), fidelização de clientes (41%) e compreensão do mercado (35%). Liderar equipes, por sua vez, foi apontado como um obstáculo por 24% das entrevistadas.


Além disso, a participação das mulheres em redes de apoio ao empreendedorismo ainda é baixa. O levantamento revelou que 92% das empreendedoras não fazem parte de grupos colaborativos ou programas específicos para negócios femininos. Esse dado pode estar relacionado à falta de tempo, conhecimento ou oportunidades para ingressar nesses espaços. No entanto, especialistas apontam que a participação nesses grupos pode trazer benefícios como capacitação, networking e suporte emocional, o que pode fazer a diferença para o sucesso dos negócios.


Por outro lado, 39% das empresárias entrevistadas promovem ações de equidade de gênero dentro de seus negócios, principalmente por meio de parcerias, incentivo à capacitação e contratação de outras mulheres. Essas iniciativas fortalecem o protagonismo feminino e contribuem para o desenvolvimento do empreendedorismo no estado.


Com desafios e conquistas, as mulheres seguem ampliando sua presença no setor empresarial mineiro, impulsionando a economia e transformando o cenário dos pequenos negócios em Minas Gerais.


Destaques