Anabolizantes triplicam risco de infarto e causam outras doenças cardíacas
Estudo com mais de mil homens na Dinamarca revela que uso dessas substâncias pode provocar arritmias, tromboembolismo e até morte súbita
Por Plox
06/04/2025 11h10 - Atualizado há cerca de 1 mês
Uma pesquisa dinamarquesa publicada em fevereiro no renomado periódico científico
Circulation revelou dados alarmantes sobre os riscos cardíacos associados ao uso de esteroides anabolizantes androgênicos. Segundo o estudo, essas substâncias triplicam a chance de infarto do miocárdio e estão relacionadas ao aumento significativo de outras doenças cardiovasculares.

De acordo com os pesquisadores, os anabolizantes — hormônios sintéticos que imitam a testosterona e são usados para ganhar massa e força muscular — também aumentam a incidência de tromboembolismo venoso, arritmias, cardiomiopatia e insuficiência cardíaca. No caso da cardiomiopatia, o risco identificado foi nove vezes maior entre os usuários.
Para obter esses resultados, os cientistas analisaram 1.189 homens que foram flagrados em exames de doping entre 2006 e 2018, comparando os dados com os de aproximadamente 60 mil homens da população geral da Dinamarca. Embora já se soubesse dos perigos ao coração, o diferencial da pesquisa foi a avaliação a longo prazo dos impactos.
O cardiologista Eduardo Segalla, do Hospital Israelita Albert Einstein, explicou que o uso dessas substâncias afeta diretamente o sistema cardiovascular, promovendo inflamações, estresse oxidativo, rigidez dos vasos e aceleração da aterosclerose coronariana. Além disso, altera o perfil lipídico, elevando o colesterol LDL (ruim) e reduzindo o HDL (bom).
Esses fatores colaboram para o surgimento de eventos cardiovasculares súbitos e graves, como infarto agudo do miocárdio, arritmias e até acidente vascular cerebral (AVC), devido ao envelhecimento acelerado das artérias.
Outro impacto significativo observado é a hipertrofia do músculo cardíaco, o que prejudica a capacidade de bombeamento e relaxamento do coração. Isso pode levar à disfunção do miocárdio, cardiomiopatias hipertróficas, insuficiência cardíaca e até morte súbita.
Apesar da ausência de dados sobre a duração do uso dos anabolizantes, os pesquisadores alertam que mesmo pequenas doses são capazes de causar danos à saúde. Entre os efeitos colaterais relatados estão hepatite medicamentosa, infertilidade, impotência sexual e transtornos de ansiedade.
No Brasil, desde abril de 2023, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu o uso de esteroides anabolizantes com fins estéticos ou para melhoria de desempenho esportivo. A resolução se baseia justamente nos potenciais riscos que mesmo doses terapêuticas representam, além da carência de estudos científicos que comprovem a segurança e eficácia dessas substâncias.