Lula viaja à Rússia em meio à crise política por fraudes no INSS

Mesmo diante de uma intensa crise política que atinge o Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca nesta terça-feira, 6 de maio, para uma viagem internacional com retorno previsto apenas para o dia 13. A comitiva presidencial também contará com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Foto: Agência Brasil

A saída de Lula ocorre num momento delicado, marcado por escândalos envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e recentes trocas de ministros. Na semana passada, o presidente nomeou o procurador federal Gilberto Waller para a presidência do INSS, após a exoneração de Alessandro Stefanutto. A mudança foi motivada pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura fraudes bilionárias em descontos não autorizados de aposentados.

Além de Waller, o governo também viu a saída do ministro da Previdência, Carlos Lupi. Apesar das medidas tomadas, o Planalto enfrenta pressões crescentes, incluindo a possibilidade de instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as irregularidades.

Enquanto isso, aliados políticos aguardam a prometida reforma ministerial, que vem sendo adiada desde o fim de 2024. A permanência de nomes como Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) tem sido questionada, e partidos como o PSD pressionam por mais espaço no governo. Entretanto, com a viagem internacional, qualquer avanço nessa reestruturação fica temporariamente suspenso.

A agenda oficial do presidente começa em Moscou, onde Lula participará das celebrações pelos 80 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, entre os dias 8 e 10 de maio. Durante sua estadia, ele terá um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin.

Após a passagem pela Rússia, Lula segue para Pequim, na China, onde está previsto um encontro com o presidente Xi Jinping, no dia 11. Já nos dias 12 e 13 de maio, o chefe do Executivo brasileiro participará da Cúpula entre a China e os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

Essa visita acontece em um contexto de tensão econômica global, agravada pela disputa comercial entre Estados Unidos e China. Recentemente, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também esteve em Pequim para tratar de investimentos em infraestrutura, indústria naval e setor de óleo e gás.

Mesmo em meio ao desgaste político, Lula mantém sua agenda internacional, deixando o avanço da reforma ministerial e a gestão da crise do INSS para seu retorno ao Brasil.