Avanço na terapia genética pode revolucionar o tratamento do mieloma múltiplo
Os dados divulgados indicam que "após um acompanhamento médio de 16 meses, o risco de progressão da doença foi reduzido em 74% nos pacientes tratados com ciltacabtagene autoleucel em comparação com os tratamentos convencionais"
Por Plox
06/06/2023 07h33 - Atualizado há mais de 1 ano
Um inovador método de tratamento para o mieloma múltiplo, um tipo raro de câncer sanguíneo, apresentou resultados animadores em um recente estudo, reduzindo em 74% a progressão da doença. A terapia utiliza o ciltacabtagene autoleucel, comercialmente conhecido como Carvykti, que promove uma alteração genética nas células imunológicas dos pacientes.
Uma alternativa promissora para pacientes refratários ao tratamento comum
A pesquisa, realizada com 419 pacientes que não obtiveram respostas efetivas ao tratamento padrão com lenalidomida, destacou a importância dessa nova abordagem. "Embora a lenalidomida seja amplamente usada, observamos um aumento no número de pacientes que não reagem mais a este tipo de tratamento", afirmou a oncologista Oreofe Odejide durante a reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Médica.
A nova terapia Carvykti, segundo a oncologista que não está diretamente envolvida no estudo, tem demonstrado "resultados eficazes extraordinários em comparação com as opções de tratamento atualmente disponíveis" e "pode ser utilizada com segurança em fases mais iniciais da doença".
Comparação com tratamentos padrão
O estudo foi estruturado de forma que metade dos pacientes recebeu o tratamento com Carvykti e a outra metade foi submetida a uma combinação de medicamentos geralmente utilizados na prática clínica atual, incluindo quimioterapia e esteroides.
Resultados significativos após o acompanhamento
Os dados divulgados indicam que "após um acompanhamento médio de 16 meses, o risco de progressão da doença foi reduzido em 74% nos pacientes tratados com ciltacabtagene autoleucel em comparação com os tratamentos convencionais", conforme comunicado oficial.
Mieloma múltiplo: um desafio persistente
O mieloma múltiplo afeta um tipo específico de células brancas do sangue, chamadas células plasmáticas ou plasmócitos, provocando danos progressivos nos ossos, rins e sistema imunológico. A cada ano, cerca de sete em cada 100.000 pessoas são diagnosticadas com esta doença, segundo informações da Clínica Cleveland. Além disso, o risco aumenta com a idade e é mais prevalente em homens e na população negra. Atualmente, ainda não há cura para o mieloma múltiplo, porém o seu avanço pode ser controlado ou paralisado por um período significativo.
Carvykti: uma abordagem inovadora
A abordagem do tratamento com Carvykti consiste na coleta de células T do paciente, que são geneticamente modificadas em laboratório para expressar uma proteína chamada receptor de antígeno quimérico (CAR), permitindo assim, que elas identifiquem e ataquem as células cancerosas.
Eventos adversos e continuidade da pesquisa
Ainda que promissor, o tratamento com Carvykti não está isento de efeitos colaterais. O estudo indicou que o número de eventos adversos graves ou potencialmente letais foi levemente superior no grupo que recebeu Carvykti em comparação com o grupo tratado com os medicamentos convencionais (97% contra 94%). Ademais, três quartos dos participantes tratados com Carvykti tiveram uma reação imunológica excessiva e cerca de 5% apresentaram síndrome de neurotoxicidade.
Diante desses achados, os pesquisadores ressaltaram a necessidade de manter o acompanhamento desses pacientes para determinar os efeitos a longo prazo e o impacto desses tratamentos na qualidade de vida. O ensaio clínico foi patrocinado pela Janssen Research & Development e pela Legend Biotech USA.
Esses resultados representam um passo importante na batalha contra o mieloma múltiplo, e a esperança é que, com o avanço contínuo da pesquisa, novos tratamentos ainda mais eficazes e seguros possam ser disponibilizados para os pacientes no futuro.