Brasília se torna palco de protestos indígenas contra marco temporal
O coração político do país se torna cenário de um ato que almeja reunir mais de 2 mil indígenas, contrários à polêmica tese do marco temporal que define os limites de demarcação de terras dos povos tradicionais.
Por Plox
06/06/2023 08h14 - Atualizado há mais de 1 ano
A atmosfera tensa paira sobre a Esplanada dos Ministérios em Brasília, enquanto representantes de diferentes povos indígenas de todo o Brasil montam acampamento na capital federal. O coração político do país se torna cenário de um ato que almeja reunir mais de 2 mil indígenas, contrários à polêmica tese do marco temporal que define os limites de demarcação de terras dos povos tradicionais.
O centro da discórdia: Projeto de Lei 490/07
Essa movimentação nacional dos indígenas é uma reação à aprovação do texto-base do Projeto de Lei 490/07 pela Câmara dos Deputados. A proposta estabelece que os povos indígenas e tradicionais só teriam direito às terras ocupadas até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. O texto agora segue para análise do Senado.
STF: O papel decisivo na tese do marco temporal
Em meio à agitação, nesta quarta-feira (7), o Supremo Tribunal Federal (STF) irá retomar o julgamento que determinará a legalidade da tese do marco temporal. A importância desse julgamento não se restringe apenas a um parâmetro para definir as demarcações de terras, mas a uma questão mais ampla, conforme destacado por Kleber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil: “Além de existirem povos indígenas no Brasil, constituições anteriores a 88 garantiam aos povos indígenas os seus territórios. A Constituição Federal de 88 já traz Artigo 231, direito de cláusula pétrea, então não pode ser mexido, a não ser com uma nova Constituição”.
Disputa territorial: O caso da Terra Indígena Ibirama
O caso específico que deu origem ao atual julgamento no STF envolve a disputa pela posse da Terra Indígena (TI) Ibirama, em Santa Catarina. A área é habitada pelos povos Xokleng, Kaingang e Guarani, cuja posse de parte da TI é questionada pela procuradoria do estado. O julgamento, até agora, tem um placar empatado, com o ministro Edson Fachin votando contra a tese do marco temporal, e Nunes Marques se posicionando a favor.
Impacto amplo: a decisão do STF afetará todos os casos de disputa territorial indígena
Com a retomada do julgamento e a expectativa do desfecho, é importante ressaltar que a decisão do Supremo não se limitará a essa área específica. O resultado do julgamento se estenderá a todos os casos de disputa envolvendo terras indígenas no Brasil, aumentando, assim, a relevância e o impacto da manifestação em Brasília e a urgência de um debate aprofundado sobre o tema.