Queimaduras graves: Hospital João XXIII de Belo Horizonte registra alta demanda
Em retrospectiva dos últimos sete anos, o balanço mostra que mais de 14 mil pessoas recorreram ao pronto-socorro do Hospital João XXII
Por Plox
06/06/2023 11h13 - Atualizado há mais de 1 ano
Com uma média de cinco pacientes com queimaduras graves atendidos por dia, o Hospital João XXIII, de Minas Gerais, divulgou números alarmantes. De acordo com os dados divulgados pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), nos primeiros cinco meses deste ano, 724 pessoas foram atendidas no hospital por esse tipo de ferimento.
O histórico das queimaduras em números
Em retrospectiva dos últimos sete anos, o balanço mostra que mais de 14 mil pessoas recorreram ao pronto-socorro do Hospital João XXIII, que reflete a realidade do estado com a maior demanda deste tipo de atendimento. Estas estatísticas corroboram as divulgadas pelo Ministério da Saúde no começo de 2023.
De acordo com o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) Ivo Pitanguy, as queimaduras elétricas foram responsáveis por um grande número de internações. Apenas no ano anterior, 412 pacientes foram atendidos, 30 deles por este tipo de queimadura. No entanto, as queimaduras térmicas, aquelas causadas por agentes como líquido fervente, fogo e contato com objetos quentes, ainda lideram os registros.
Em um levantamento entre 2016 e 2022, mais de 11 mil casos de queimaduras térmicas foram atendidos no Hospital João XXIII, com uma média de mais de 1,6 mil casos por ano.
Perfis de ocorrência
O Pronto-Socorro do hospital apresenta uma tendência de incidência deste tipo de acidente de acordo com faixa etária e gênero. As queimaduras por contato com objeto quente são mais comuns em meninos de 0 a 5 anos de idade, enquanto que as queimaduras relacionadas ao fogo são mais frequentes em homens entre 41 e 50 anos. Por outro lado, queimaduras causadas por líquidos quentes são mais registradas em mulheres de 20 a 30 anos.
Quadro nacional
Em um panorama nacional, de acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, no período de 2015 a 2020, foram registradas 19.772 mortes por queimaduras no Brasil. Do total, 53,3% foram decorrentes de queimaduras térmicas, enquanto 46,1% foram causadas por queimaduras elétricas.
Prevenção e conscientização
Neste contexto, a campanha "Junho Laranja" da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), com o slogan “Não se choque, eletricidade queima”, busca alertar a população para os riscos representados pela eletricidade.
A cirurgiã do Hospital João XXIII e vice-presidente da SBQ, Kelly Araújo, ressalta a importância da prevenção e da conscientização. "A sociedade tem que ter consciência de que os riscos existem e que os acidentes não acontecem somente com os outros", afirmou.
A especialista também destaca a necessidade de atenção redobrada para idosos, que costumam apresentar comorbidades que podem agravar a situação de uma queimadura. "É fundamental avaliar se eles estão em condições de manipular certos tipos de materiais, como objetos quentes, por exemplo. As queimaduras são potencialmente mais graves em idosos e crianças", alerta a cirurgiã.
Diretrizes de segurança
Kelly Araújo apresenta uma série de medidas preventivas que podem ser incorporadas no dia a dia das famílias para evitar queimaduras. Ela destaca, especialmente, o cuidado necessário no ambiente doméstico, onde muitos dos acidentes ocorrem.
"Se você tem criança pequena, não use forro na mesa. Ela pode puxá-lo e o objeto quente cair sobre ela. Também não coma alimentos quentes com o bebê no colo. Somente o pegue no colo se não estiver com algo quente nas mãos, seja sopa, café ou qualquer outra coisa aquecida. Jamais cozinhe com o bebê no colo. Retire a criança da cozinha quando estiver usando o forno. Mantenha as panelas com líquidos quentes na parte de trás do fogão, com o cabo virado para dentro", recomenda a especialista.
Sobre as queimaduras elétricas, a médica orienta a evitar soluções improvisadas, conhecidas como "gambiarras", como usar vários benjamins ou muitas tomadas no mesmo benjamin. Além disso, é essencial tomar cuidado ao usar o celular quando o carregador estiver ligado na tomada, uma prática que tem resultado em um aumento de óbitos nos últimos anos.
Um alerta para a sociedade
Diante do quadro alarmante apresentado, a iniciativa da campanha "Junho Laranja" e os dados divulgados pelo Hospital João XXIII e Fhemig buscam chamar a atenção para a gravidade e a frequência de queimaduras, tanto térmicas quanto elétricas, reforçando a necessidade de conscientização e prevenção.