Revolução na oncologia: Estudo mostra que radioterapia pode ser evitada no câncer retal

De acordo com Eric Winer, presidente da organização de oncologia que não estava envolvido na pesquisa, este estudo é representativo de um novo direcionamento nos estudos oncológicos.

Por Plox

06/06/2023 14h11 - Atualizado há mais de 1 ano

Uma grande revelação na área de oncologia traz esperança para pacientes de câncer retal: a possibilidade de eliminarem a radioterapia de seu protocolo de tratamento. A conclusão decorre de um ensaio clínico abrangente que demonstrou que a resposta dos pacientes é equivalente, seja com ou sem o uso de radioterapia.

Divulgados na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica e publicados no New England Journal of Medicine, os achados apontam que mais de 10 mil pacientes por ano nos EUA poderiam evitar a radioterapia, um tratamento conhecido por seus severos efeitos colaterais.

SOPHIE PARK/THE NEW YORK TIMES

De acordo com Eric Winer, presidente da organização de oncologia que não estava envolvido na pesquisa, este estudo é representativo de um novo direcionamento nos estudos oncológicos. Com tratamentos mais efetivos à disposição, pesquisadores estão refazendo perguntas-chave, analisando se elementos de tratamentos bem-sucedidos poderiam ser omitidos para proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pacientes.

Tradicionalmente, a radiação pélvica era o padrão no tratamento de câncer retal, afetando 47,5 mil pessoas por ano apenas nos Estados Unidos. Este tipo de radioterapia, contudo, pode ocasionar a menopausa imediata, prejudicar a função sexual e danificar o intestino, entre outras sérias complicações, inclusive a possibilidade de outros cânceres.

A pesquisa analisou pacientes cujos tumores haviam se espalhado para os linfonodos ou tecidos próximos ao intestino, mas não para outros órgãos. Este grupo, cujo câncer é classificado como localmente avançado, constitui cerca de metade dos 800 mil pacientes com câncer retal recém-diagnosticados no mundo.

Ao todo, 1.194 pacientes foram divididos em dois grupos. Um deles passou pelo tratamento padrão, que inclui radioterapia, cirurgia e, eventualmente, quimioterapia. O outro grupo foi submetido ao tratamento experimental, que se iniciou com quimioterapia, seguida de cirurgia, podendo também incluir uma nova rodada de quimioterapia, se necessário.

Os pacientes que participaram do estudo relataram suas experiências e sua qualidade de vida ao longo do tratamento. Constatou-se que, após dois anos, aqueles submetidos somente à quimioterapia apresentaram uma tendência de melhor qualidade de vida.

Apesar do avanço significativo desta pesquisa, especialistas, como o oncologista de radiação John Plastaras, defendem que um acompanhamento maior dos pacientes é necessário antes de se concluir que ambas as opções de tratamento são equivalentes.

Awilda Peña, 43, de Boston, diagnosticada com câncer retal aos 38 anos, participou do estudo. Ela foi selecionada para o grupo que não fez radioterapia e se sentiu tranquila com a decisão. Peña, que agora está livre do câncer, expressou gratidão por ter participado do estudo e pela chance de ajudar a ciência.

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