Ataque aéreo israelense a escola da ONU em Gaza deixa 37 mortos
Mediadores internacionais continuam buscando um cessar-fogo no conflito
Por Plox
06/06/2024 09h26 - Atualizado há 3 meses
O Exército de Israel reivindicou nesta quinta-feira (6) um ataque aéreo contra uma escola da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) na Faixa de Gaza. O ataque, que resultou em 37 mortes, foi justificado por Israel com a alegação de que o local abrigava uma "base do Hamas", de acordo com um hospital local.
Detalhes do ataque
O Exército israelense declarou que "caças do Exército [...] realizaram um ataque preciso sobre uma base do Hamas situada no interior de uma escola da UNRWA na região de Nuseirat", resultando em "vários terroristas mortos". Eles ainda afirmaram que "terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica [...] que haviam participado do ataque mortal contra as comunidades do sul de Israel em 7 de outubro operavam neste recinto".
O hospital Mártires de Al Aqsa, na cidade próxima de Deir al Balah, relatou ter recebido "37 mártires" do ataque. Um balanço anterior divulgado pelo Hamas mencionava 27 mortos.
Situação no hospital
A direção do hospital alertou sobre problemas em um de seus geradores, o que complica o tratamento de pacientes vulneráveis e poderia levar a uma "catástrofe humanitária". A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) relatou que, antes do ataque em Nuseirat, o hospital havia recebido "pelo menos 70 mortos e mais de 300 feridos, em sua maioria mulheres e crianças, por bombardeios israelenses nas zonas centrais da Faixa de Gaza". Karin Huster, coordenadora da MSF em Gaza, descreveu a situação como "insuportável" nas redes sociais, destacando o "cheiro de sangue" na sala de emergências.
Impacto na UNRWA
A UNRWA, responsável pela maior parte da ajuda a Gaza, enfrenta uma crise após acusações de Israel de que 12 de seus 13 mil funcionários em Gaza estariam envolvidos no ataque do Hamas de 7 de outubro, que desencadeou a guerra atual. Essas acusações resultaram na suspensão de financiamentos por vários países, incluindo os Estados Unidos, prejudicando a entrega de ajuda. O diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, exigiu que Israel pare com a "campanha" contra a agência.
Esforços de mediação
Os mediadores Catar, Egito e Estados Unidos continuam buscando um cessar-fogo, poucos dias após o presidente americano, Joe Biden, anunciar uma proposta de acordo elaborada por Israel. A proposta prevê, inicialmente, um cessar-fogo de seis semanas, a retirada israelense das áreas mais populosas de Gaza, e a libertação de reféns e prisioneiros. Contudo, demandas contraditórias das partes envolvidas reduzem as esperanças de sucesso.
Reações internacionais
A Espanha anunciou que se unirá à África do Sul em uma ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), alegando que a ofensiva israelense em Gaza viola a convenção da ONU sobre genocídio de 1948. A guerra na Faixa de Gaza começou após o ataque do Hamas contra o sul de Israel em 7 de outubro, resultando na morte de 1.194 pessoas, a maioria civis, e no sequestro de 251 pessoas. Israel respondeu com uma ofensiva que já deixou mais de 36.650 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.