Casais optam por ‘relacionamento pantufa’ para evitar exposição pública
Dinâmica traz vantagens e desvantagens e pode esconder situações abusivas, segundo especialistas
Por Plox
06/06/2024 09h15 - Atualizado há 3 meses
A escolha de casais em manter o relacionamento oculto do público, conhecido como “relacionamento pantufa”, vem ganhando notoriedade. Esse modelo, que evita a exposição do compromisso, apresenta vantagens, mas também pode mascarar situações abusivas, conforme aponta a sexóloga Enylda Mota.
Conforto aparente e os riscos envolvidos
A expressão “relacionamento pantufa” deriva do uso desse calçado íntimo, reservado ao ambiente familiar pela sua praticidade e conforto. A ideia de um relacionamento que não é assumido publicamente segue o mesmo princípio de conforto e privacidade. “Relacionamento pantufa é aquele relacionamento onde o casal se esconde, assume entre si, mas não fala para outras pessoas. É um ‘assumir sem assumir’. É estar em uma zona de conforto, que não é tão confortável assim. A diferença é que a pessoa não assume a outra publicamente”, resume Enylda Mota.
Desvantagens e sinais de alerta
Enylda explica que esse tipo de relacionamento pode gerar insegurança e falta de desejo, mesmo que haja intimidade sexual. “A pessoa em um ‘relacionamento pantufa’ pode sentir tristeza, insegurança, medo e falta de desejo, mesmo que haja sexo no relacionamento”, observa a sexóloga. Ela sugere que os casais reflitam sobre a qualidade de suas interações e a felicidade no relacionamento, verificando se têm se divertido juntos, socializado e conhecido amigos e familiares.
Situações abusivas e a importância da comunicação
Além das desvantagens, há o risco de relações abusivas ocultas por trás desse modelo de relacionamento. A página “Não Era Amor” no Instagram, por exemplo, dedica-se a ajudar mulheres em relacionamentos abusivos, promovendo cursos e oferecendo apoio psicoterapêutico. Enylda Mota enfatiza a importância de dialogar abertamente com a parceria sobre insatisfações e necessidades para evitar esses cenários. “É importante a pessoa se posicionar, dizer o que sente, colocar as satisfações e insatisfações para a parceria”.
Reflexão e autoconhecimento
Enylda destaca que muitas pessoas entram nesse tipo de relacionamento sem perceber ou pela falsa segurança que ele parece oferecer. Ela sublinha a necessidade de autoconhecimento para identificar se o relacionamento pantufa realmente atende às necessidades emocionais e psicológicas de ambos. “Entender se aquele formato funciona ou está funcionando para a pessoa, ou se ela, por algum motivo de ordem interna e psicológica, está se submetendo à vontade do outro”, pondera a especialista.
Em resumo, o “relacionamento pantufa” pode proporcionar um certo conforto e privacidade, mas também requer atenção e comunicação para evitar possíveis armadilhas e assegurar o bem-estar dos envolvidos. A dinâmica desse tipo de relacionamento precisa ser constantemente avaliada para garantir que esteja beneficiando ambos os parceiros.